TROMBOEMBOLISMO VENOSO ( TEV) - TRATAMENTO
Recomendações gerais
O tratamento de TEV é realizado por etapas, havendo uma variedade de opções, conforme a disponibilidade do medicamento, condição de estabilidade do paciente, histórico de trombocitopenia induzida por heparina ou hipersensibliidade e função renal do paciente.
As principais opções envolvem :
- Heparinas de baixo peso molecular;
- Heparinas não fracionadas por via venosa;
- Heparinas não fracionadas por via subcutânea;
- Fondaparinux
- Antagonistas da vitamina K.
- Novos anticoagulantes
Falaremos das etapas do tratamento assim como detalhes das estratégias:
1a. ETAPA - Sugere-se, como tratamento inicial para pacientes com TEv agudo, confirmado ou suspeito, em pacientes ESTÁVEIS, a utilização de qualquer um dos seguintes agentes:
2a. ETAPA - Sugere-se, como tratamento de manutenção, pelo tempo determinado de acordo com a condição de base, a utilização de qualquer um dos seguintes agentes:
Tratamento inicial em pacientes ESTÁVEIS e com função renal normal, sem história de trombocitopenia induzida por heparina
HEPARINAS
A heparina ( marca mais conhecida Liquemine), é um conjunto de mucopolissacarídeos que atuam como co fator que aumenta a atividade da Enzima Antitrombina III. Esta enzima degrada os fatores da coagulação ( II, IX, X) e principalmente a Trombina. Portanto a heparina age, em ultima análise, reduzindo o fatores pró coagulantes através da Antitrombina III.
A Heparina Sódica é obtida através da mucosa intestinal suína ou de pulmão bovino. Por este motivos, muitos dos leitores irão lembrar da falta de Liquemine no mercado mundial há 2 – 3 anos. O fato decorria de contaminação da matéria prima suína de procedência Chinesa e que poderia provocar reações adversas graves e até morte relacionada a medicação finalizada.
A) Heparina de baixo peso molecular (Enoxaparina), via subcutânea (SC)
Há evidências de que o peso dos pacientes é subestimado no Serviço de Emergência e deste modo são utilizadas subdoses de enoxaparina de acordo com o dosagem do fator anti-Xa. As ampolas de enoxaparina possuem a apresentação de 20, 40, 60 e 80 mg. Somente as ampolas de 60 e 80 mg são milimetradas, deste modo é possível administrar a dose correta de enoxaparina de acordo com o peso e não doses “aproximadas”.
Posologia
Situações especiais :
Em idosos acima de 75 anos: 0,75 mg/Kg SC de 12/12 horas;
Em pacientes com função renal estável e clearance de creatinina entre 10-30 ml/min: 1 mg /Kg SC 1 vez ao dia;
Em pacientes com lesão renal aguda (clerance de creatinina<10ml/min). Não utilizar enoxaparina. Utilizar preferencialmente HNF. Em obesos: usar 1 mg /Kg SC 12/12 horas até 144 Kg* acima de 144 Kg.
COMO MONITORAR O USO DE ENOXAPARINA A monitorização é realizada através da dosagem do fator anti Xa. Não é necessária dosagem do fator anti Xa para todos os pacientes. Considera-se o paciente anticoagulado se anti Xa entre 0,6 – 1,0 unidades/ml.
Recomenda-se no caso de:
1- Gestantes;
2- Pacientes com IRC (Clearance de Creatinina <30ml/min)*;3- Obesos
B) Heparina não fracionada, sem necessidade de monitorização do KTTP, via subcutânea
C) Heparina não fracionada, via intravenosa (IV):
As Diluições sugeridas para a maioria das indicações é:
– Heparina Sódica ( 5000 UI/ml) – 25.000 UI ou 5 ml
– Solução Glicosada 5% 245ml
Concentração final da Solução: Heparina 100 UI /ml
Ou
– Heparina Sódica ( 5000 UI/ml) – 12.500 UI ou 2,5 ml
– Solução Glicosada 5% 247ml
Concentração final da Solução: Heparina 50 UI /ml
Administrar em bomba de infusão contínua.
OBS: Sempre avaliar a plaquetometria antes de iniciar heparinização pela possibilidade de plaquetopenia induzida por heparinas.
Os ajustes de dose devem ser feitos conforme o nomograma - tabela 1
Tabela 1: Doses de Heparina Não Fracionada Utilizadas em Anticoagulação Plena . Raschke RA et al, 1996.
CUIDADOS QUANTO A HEPARINIZAÇÃO PLENA VENOSA
1. A solução deve ser agitada a cada 6 horas para evitar precipitação da heparina no frasco. A solução tem estabilidade de 24 horas. Trocar solução e equipo a cada 24 horas.
2. Dose inicial 80 U/kg em bolus, seguida da infusão contínua de 18 U/kg/h.
3 - Coletar o TTPA (tempo de tromboplastina parcial ativada) 6 horas após o início da infusão, bem como 6 horas após cada ajuste. Após 2 horários consecutivos de controle com os exames dentro da faixa terapêutica desejada, a coleta dos exames poderá ser realizada a cada 12 horas,
4. De maneira geral o TTPa alvo varia entre 50 e 70 segundos.
Outro parâmetro de avaliação de anticoagulação é a dosagem de níveis plasmáticos de heparina que devem ficar entre 0,35 a 0,7 Uinidade/ml.
5. A partir do 5 dia de heparinização é necessário dosagem de plaquetas pelo risco de plaquetopenia induzida por heparina e repetida a cada 3 dias até pelo menos o 14º dia, o que a partir desta data se reduz o risco desta complicação.
Tratamento inicial em pacientes ESTÁVEIS, com história de trombocitopenia induzida por heparina ou outra contraindicação para uso de heparina
Fondaparinux, via subcutânea (SC), sem necessidade de monitorização (tempo de tratamento usual: 5-9 dias, mas já foi utilizado por até 26 dias)
Como reverter a anticoagulação com uso de heparinas. Clique aqui
FONTES
Raschke RA, Reilly BM, Guidry JR, Fontana JR, Srinivas S.The weight-based heparin dosing nomogram compared with a “standard care” nomogram. A randomized controlled trial. Ann Intern Med. 1993;119(9):874-81.
Guyatt GH, Akl EA, Crowther M, Gutterman DD, Schuünemann HJ, . Executive summary: Antithrombotic Therapy and Prevention of Thrombosis, 9th ed: American College of Chest Physicians Evidence-Based Clinical Practice Guidelines. Chest 2012 Feb;141(2 Suppl):7S-47S.
Terra-Filho M, Menna-Barreto SS, . [Recommendations for the management of pulmonary thromboembolism, 2010]. J Bras Pneumol 2010 Mar;36 Suppl 1:S1-68
http://www.iepmoinhos.com.br/iprotocolos/publico/protocolos/informacoesQuadrinho/6906
https://www.hcrp.usp.br/revistaqualidade/uploads/Artigos/186/186.pdf
https://cardiopapers.com.br/heparinizacao/
http://utianestesiaunifesp.com.br/uti/arquivos/Protocolo%20e%20Procedimentos%20Operacionais/Protocolo%20-%20Controle%20de%20hepariniza%C3%A7%C3%A3o%20plena%20na%20UTI.pdf
Raschke RA, Gollihare B, Peirce JC. The effectiveness ofimplementing the weight-based heparin nomogram as a practiceguideline. Arch Intern Med. 1996;156:1645-9.