Tratamento da Rosácea
Considerações iniciais
A rosácea se caracteriza por pele sensível na face, com barreira cutânea comprometida e hiper‐reatividade vascular. Muitos pacientes se queixam de sensibilidade exagerada aos agentes de limpeza e cosméticos. Portanto, orientações sobre fatores desencadeantes e agravantes e medidas gerais sobre o cuidado da pele são fundamentais em qualquer forma e gravidade para a manutenção da integridade da pele em longo prazo e para o sucesso do tratamento.
As orientações devem ser dirigidas à identificação e prevenção da exposição a fatores desencadeantes, que causam agressão à barreira cutânea e/ou vasodilatação.
Cuidados gerais
Os cuidados gerais devem incluir:
Hidratação
Como a inflamação compromete a função de barreira, aumenta a perda de água transepidérmica e deixa a pele seca e sensível, os hidratantes com função oclusiva e umectante devem ser aplicados, preferencialmente à noite, quando a recuperação da barreira epidérmica é mais lenta e a permeabilidade e a perda de água são mais elevadas. Os hidratantes para peles sensíveis são mais indicados, alguns com pigmento verde, útil para mascarar o eritema.
Fotoproteção
Tratamentos tópicos
Visam a controlar os surtos, com opções terapêuticas que levem ao controle eficaz, boa tolerabilidade, satisfação e impacto positivo na qualidade de vida. É relevante enfatizar que, apesar de não haver tratamento de cura, existem chances de melhora total e longos períodos de remissão. Nos casos leves a moderados, os tratamentos tópicos têm bom nível de evidência e podem ser suficientes. Os tratamentos tópicos mais citados na literatura são:
A) O metronidazol tem como principais mecanismos de ação são o efeito anti‐inflamatório e a redução da densidade de Df. No Brasil, está disponível para venda a 0,75% em gel; as demais apresentações podem ser usadas sob manipulação.
B) O ácido azelaico é considerado eficaz por sua atividade anti‐inflamatória estabelecida em estudos in vitro, por meio da inibição das funções dos neutrófilos e geração de espécies reativas de oxigênio (ROS). Estudo recente demonstrou seu efeito anti‐inflamatório in vivo na acne da mulher adulta, por meio da redução significativa da expressão do TLR‐2 que também está envolvido na fisiopatologia da rosácea. No Brasil, estão à disposição as apresentações do ácido azelaico a 15% em gel e a 20% em creme.
C) Os agonistas do receptor α‐1 adrenérgico presentes nos vasos dérmicos, particularmente nas arteríolas, determinam vasoconstrição. A brimonidina 0,5% gel foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) em 2014.
Os autores sugeriram que o seu uso poderia ser útil apenas para o eritema persistente. Ainda em 2017, o FDA aprovou o uso da oximetazolina 1% creme, uma vez ao dia, de manhã, para o eritema persistente. Vários autores comprovaram a eficácia desse fármaco na melhora do eritema em dois graus de acordo com a escala usada. Eventos adversos como dermatite e/ou eritema, parestesia, dor, ressecamento e prurido ocorreram em 8,2% dos pacientes, mais frequentes nos primeiros 90 dias do tratamento; apenas 3,2% dos pacientes interromperam uso, sem pioria do eritema. Houve rebote em menos de 1% dos pacientes. Evidentemente, não houve efeito sobre as telangiectasias. No Brasil, só é possível o uso da brimonidina 0,5% em gel, a qual já é comercializada.
D) A ivermectina 1% em creme é indicada para a rosácea papulopustulosa moderada a grave, com menor eficácia na forma mais branda, com menos lesões. Mais recentemente, têm sido descritos seus efeitos benéficos sobre alterações oculares. Seu mecanismo de ação se baseia na inibição da via da catelicidina e na redução da densidade de Df que ativa o receptor TLR‐4, com liberação de mediadores inflamatórios, ou seja, atua como anti‐inflamatório, com diminuição da expressão do TNF‐α e IL‐1 beta. O papel de Df na rosácea ainda é controverso; no entanto, alguns autores sugerem que a demodicidose rosácea‐símile e a rosácea podem ser consideradas dois fenótipos de uma mesma doença que melhoram pela ação não só anti‐inflamatória, mas também antiparasitária da ivermectina. Os efeitos colaterais foram: irritação, xerose, queimação e prurido. No Brasil, pode‐se usá‐la sob a forma de manipulação.
E) Outros agentes tópicos para o tratamento da rosácea já relatados em publicações antigas são: sulfacetamida de sódio 10%, loções de enxofre 5% ou 10%, peróxido de benzoíla 5% e os retinoides (retinaldeído 0,05%; tretinoína 0,025% ou 0,05%). Os dois últimos apresentam alto risco de causar dermatite irritativa e só têm o uso justificado se a rosácea estiver associada à acne ou fotoenvelhecimento.
Tratamentos sistêmicos
Casos mais graves ou refratários exigem tratamento sistêmico isolado ou, mais comumente, associado ao tópico.
As drogas de uso sistêmico são os antibióticos, especialmente do grupo das ciclinas (tetraciclina, doxiciclina e minociclina), metronidazol e isotretinoína, as quais serão detalhadas a seguir, sendo ressaltados seus eventos adversos que devem ser monitorados.
Apesar de na prática ser frequente o uso da limeciclina em nosso país, não há evidências no tratamento da rosácea. Entre as medicações orais citadas, a doxicilina e a minociclina podem ser usadas no Brasil sob a forma de manipulação; as demais são comercializadas.
Tratamentos de acordo com o fenótipo
1. Eritema transitório
2. Eritema persistente
3. Telangiectasias
4. Lesões inflamatórias, papulopustulosas
5. Rosácea fimatosa
6. Rosácea ocular
Tratamento de manutenção
Tratamento dos fimas
Excisionais
Ablativos
Toxina botulínica
Fontes
https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10821660/
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/acne-e-doen%C3%A7as-relacionadas/ros%C3%A1cea