CAUSAS DE URINA ROXA
Considerações iniciais
Urina roxa é rara e costuma ter poucas causas bem definidas. As principais são:
✅ 1. Síndrome da Bolda Roxa de Urina
A Síndrome da Bolsa Roxa de Urina, ou Síndrome da Urina Roxa, é caracterizada pela coloração avermelhada, azulada ou arroxeada combinada da urina, saco coletor e tubos. É observada tipicamente em pacientes cronicamente debilitados com uma história de permanência de cateter urinário a longo prazo. Este é um diagnóstico pontual e específico, sujeito, porém, a erros diagnósticos e tratamentos inadequados devido a falta de conhecimento por parte de prestadores de saúde.
A Síndrome da Bolsa Roxa de Urina ocorre devido à presença de produtos metabólicos da quebra de triptofano, indirubina e índigo. A produção de corantes começa no trato gastrintestinal, em que bactérias intestinais metabolizam o triptofano em indol, que é transportado pela circulação até o fígado, onde é conjugado em sulfato de indoxila. Este é excretado na urina, onde Bactérias do trato urinário com atividade enzimática de indoxila fosfatase/sulfatase metabolizam o sulfato de indoxila e convertem em indoxil, que, na presença de urina alcalina, é oxidado em indigo (azul) e indirubina (vermelho).
Os principais fatores de risco associados ao desenvolvimento da síndrome em questão consistem em sexo feminino, alta quantidade de triptofano na dieta, urina de pH alcalino, constipação, cateterismo crônico, alta carga bacteriana urinária, doença renal crônica e o uso de cateters de plástico de policloreto de vinila (PVC).
Existem várias bactérias, em sua maioria Gram-negativas, que se mostram associadas com a Síndrome da Bolsa Roxa de Urina. Estas incluem Providencia stuartii e Providencia rettgeri, Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis, Escherichia coli, Enterococcus sp., Morganella morganii, Pseudomonas aeruginosa, Citrobacter sp., e estreptococos do grupo B, embora muitas vezes observa-se uma combinação de múltiplas bactérias.
Em uma revisão sistemática, dentre 116 casos de Síndrome da Bolsa Roxa de Urina analisados, 23% foram causados por Escherichia coli e 20,2% por espécies polimicrobianas (duas ou mais bactérias).
A maioria dos pacientes que apresentam a síndrome em questão são assintomáticos. O uso de antibióticos deve depender da presença de sinais de infecção sistêmica e sepse, e os sintomas podem cessar uma vez que o cateter infectado seja substituído
No entanto, alguns casos podem apresentar desfechos mais graves, necessitando de curso intenso de antibioticoterapia ou até mesmo intervenção cirúrgica, conforme um relato de caso presente na literatura que apresentou evolução para Síndrome de Fournier.
Uma vez que não existem diretrizes sobre a forma exata de se tratar Síndrome da Bolsa Roxa de Urina, esta condição deve ser manejada de maneira individualizada.
✅ 2. Uso de corantes e alimentos
Algumas substâncias podem alterar a cor da urina para tons arroxeados, embora muito raro:
Corantes de alimentos (geralmente puxam mais para azul ou vermelho, que pode parecer roxo)
✅ 3. Medicamentos / Substâncias
Extremamente incomum, mas possíveis:
Metileno azul (pode dar tom azul-esverdeado, às vezes tendendo ao roxo)
Alguns laxantes com fenolftaleína (hoje pouco usados)
❌ 4. Hematúria + pigmentos
Mistura de sangue com certos pigmentos ou mioglobina pode teoricamente gerar tonalidade escura que o paciente interpreta como roxa, mas não é roxo verdadeiro.
⚠️ Quando investigar?
Se houver:
Dor ao urinar
Febre
Urina com cheiro forte
Uso de sonda urinária
Confusão mental (em idosos)
Cor persistente
Principal exame:
Urina tipo 1 e urocultura.
Fontes
Guetter CR, Pereira GC, Dalmolin HHH, Valdivieso BC, Rocha MTB, Chu BBR. Síndrome da Bolsa Roxa de Urina: um Diagnóstico Raro na Sala de Emergência. Rev. Méd. Paraná, Curitiba, 2020;78(1):56-58. In https://cms.amp.org.br/arquivos/artigosrevistasarquivos/artigo-1542-revista-medica-do-parana-78-edicao-01-2020_1689598795.pdf
https://www.scielo.br/j/eins/a/nGWZfTw9yYbwxdx8Js7KMgF/?format=pdf&lang=pt
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/multimedia/table/causas-das-altera%C3%A7%C3%B5es-na-cor-da-urina