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RAIVA HUMANA - PROFILAXIA

A raiva é uma doença infecciosa viral aguda, que acomete mamíferos e pode ser transmitida aos humanos (antropozoonose) pela mordedura, lambedura e arranhadura de animais infectados com o vírus da raiva.

A doença é caracterizada por sintomas neurológicos em animais e seres humanos. O vírus multiplica-se no local da lesão e migra para o sistema nervoso e a partir daí para diferentes órgãos, principalmente para as glândulas salivares, sendo eliminado pela saliva.
Dentre as doenças infecciosas de origem viral, a raiva é a única em relação a seu alcance e ao número de vítimas que pode gerar uma encefalite aguda capaz de levar as vítimas ao óbito em praticamente 100% dos casos. A doença acomete todas espécies de mamíferos, inclusive, seres humanos.

O vírus da raiva fica presente na saliva de animais infectados e é transmitido principalmente por meio de mordeduras e, eventualmente, pela arranhadura e lambedura de mucosas ou pele lesionada.

O vírus da raiva está difundido em todos os continentes, exceção feita às Austrália e Oceania. Apesar da existência da profilaxia antirrábica humana (pós-exposição ou pré-exposição), ainda morrem de raiva anualmente aproximadamente 59 mil pessoas em todo mundo. No Distrito Federal, foram registrados dois casos de raiva humana, sendo o primeiro em 1978 e o segundo em 2022. 

O que fazer ao ser mordido por um cão ou gato

Mesmo que o animal seja vacinado, é necessário lavar imediatamente o ferimento com água e sabão em barra; Procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Pronto atendimento, conforme o grau de lesão.

Além disso, não matar o animal agressor. Deixá-lo em observação durante 10 dias, em local seguro, para não fugir nem atacar pessoas ou outros animais. Ele deve receber água e comida, normalmente. Durante a observação, verificar se apresenta algum sinal suspeito de raiva (alteração de comportamento). Caso não seja possível observar o animal em casa, encaminhá-lo ao canil da Gerência de Vigilância Ambiental Zoonoses (GVAZ), Diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde, da Secretaria de Saúde.

 

Profilaxia antirrábica humana

Atualmente se recomendam duas possíveis medidas de profilaxia antirrábica humana: a pré-exposição e a pós-exposição, depois de avaliação profissional e se necessário.

 

Profilaxia Pré-Exposição

A profilaxia pré-exposição deve ser indicada para pessoas com risco de exposição permanente ao vírus da raiva, durante atividades ocupacionais exercidas por profissionais como:

  • Médicos veterinários, biólogos, profissionais e auxiliares de laboratório de virologia e anatomopatologia para a raiva;
  • Estudantes de medicina veterinária, zootecnia, biologia, técnicos agropecuários;
  • Profissionais que atuam no campo na captura, vacinação, identificação e classificação de mamíferos passíveis de portarem o vírus (cães, gatos, bovídeos, equídeos, caprinos, ovinos e suínos), bem como funcionários de zoológicos e clínicas veterinárias e pet shop;
  • Pessoas que desenvolvem trabalho de campo (pesquisas, investigações eco epidemiológicas) com animais silvestres (morcegos, macacos, canídeos silvestres, dentre outros); Espeleólogos, guias de ecoturismo, pescadores e outros profissionais que trabalham em áreas de risco.

 

Os profissionais que têm indicação de profilaxia pré-exposição conforme listados acima devem procurar as unidades de referência da sua área de residência para receber a vacina. Apresentar comprovante de atividade ocupacional de risco ao vírus da raiva (crachá funcional, declaração laboral, declaração escolar).

 

 

Profilaxia Pós exposição

Em caso de acidente com animal e possível exposição ao vírus da raiva, é imprescindível a limpeza do ferimento com água corrente abundante e sabão ou outro detergente, pois essa conduta diminui, comprovadamente, o risco de infecção. É preciso que seja realizada o mais rápido possível após a agressão e repetida na unidade de saúde, independentemente do tempo transcorrido.

Deve-se fazer anamnese completa, utilizando-se a Ficha de Atendimento Antirrábico Humano (Sinan), visando à indicação correta da profilaxia da raiva humana.

As exposições (mordeduras, arranhaduras, lambeduras e contatos indiretos) devem ser avaliadas de acordo com as características do ferimento e do animal envolvido para fins de indicação de conduta de esquema profilático, conforme esquema de profilaxia da raiva humana com vacina de cultivo celular.​​​​​​​

 

tabela profilaxia posexposicao raiva humana.png

1. Características da lesão

Com relação às características da lesão, elas são classificadas como leves ou graves, de acordo com a avaliação do local, profundidade, extensão e número de lesões.

LESÕES LEVES Indicação de vacina, exceto em acidentes por cães e gatos observáveis Ÿ LOCAL: em tronco e membros (exceto mãos, polpas digitais e planta dos pés);

Ÿ PROFUNDIDADE: ferimentos superficiais, sem sangramento;

Ÿ EXTENSÃO: pouco extensos, geralmente únicos; Ÿ Podem acontecer em decorrência de mordeduras ou arranhaduras causadas por unha ou dente ou lambedura de pele com lesões superficiais.

 

LESÕES GRAVES Indicação de sorovacina, exceto em acidentes por cães e gatos observáveis Ÿ LOCAL: próximas ao sistema nervoso central (cabeça, face ou pescoço); em locais muito inervados (mãos, polpas digitais e planta dos pés) – facilitam a exposição do sistema nervoso ao vírus; lambedura de mucosas – mucosas são permeáveis ao vírus, mesmo quando intactas, e as lambeduras geralmente abrangem áreas mais extensas;

Ÿ PROFUNDIDADE: profundos – com sangramento, ou seja, ultrapassam a derme; ferimentos puntiformes, ainda que algumas vezes não apresentem sangramento;

Ÿ EXTENSÃO: múltiplos ou extensos, em qualquer região do corpo;

Ÿ Lambedura de pele onde já existe lesão grave. A lambedura da pele íntegra não oferece risco.

 

ATENÇÃO: o contato indireto, como a manipulação de utensílios potencialmente contaminados, a lambedura da pele íntegra e acidentes com agulhas durante aplicação de vacina animal não são considerados acidentes de risco e não exigem esquema profilático.

 

2. Animal envolvido no acidente

 

Ÿ CÃES E GATOS: observação do animal por 10 dias, se o animal estiver sadio no momento do acidente. Apenas cães e gatos são passíveis de observação;

Ÿ ANIMAIS SILVESTRES: são animais de alto risco para a transmissão do vírus da raiva, independentemente da espécie e da gravidade do ferimento. Os acidentes com esses animais são sempre considerados como graves e tem indicação de sorovacina.

Ÿ Morcegos de qualquer espécie, micos (“sagui” ou “soim”, como são mais conhecido em algumas regiões), macacos, raposas, guaxinins, quatis, gambás, roedores silvestres – mesmo que domiciliados e/ou domesticados, haja visto que, nesses animais, a raiva não é bem conhecida.

Ÿ ANIMAIS DOMÉSTICOS DE INTERESSE ECONÔMICO OU DE PRODUÇÃO: bovinos, bubalinos, equídeos, caprinos, ovinos, suínos e outros também são animais de risco e devem ser avaliados em relação às características da lesão (se é leve ou grave).

Ÿ ROEDORES E LAGOMORFOS (urbanos ou de criação): não são transmissores de raiva, portanto, não é necessário indicar esquema profilático da raiva em caso de acidentes causados por esses animais:

a) ratazana de esgoto (Rattus norvegicus);

b) rato de telhado (Rattus rattus);

c) camundongo (Mus musculus);

d) cobaia ou porquinho-da-índia (Cavea porcellus);

e) hamster (Mesocricetus auratus);

f) coelho (Oryetolagus cuniculus).

 

1.2. Condutas de pós-exposição para acidentes com animais potencialmente transmissores de raiva

Frente a um caso de acidente com animal potencialmente transmissor da raiva, deve-se:

1. Ter os cuidados com os ferimentos LAVAR IMEDIATAMENTE O FERIMENTO com água corrente, sabão ou outro detergente, por pelo menos 15 minutos. A seguir, utilizar antissépticos que inativem o vírus da raiva (polivinilpirrolidona-iodo, por exemplo, povidine ou digluconato de clorexidina ou álcool-iodado). Essas substâncias deverão ser utilizadas uma única vez, na primeira consulta. Posteriormente, lavar a região com solução fisiológica. Essas medidas são especialmente importantes para indivíduos imunocomprometidos. Em casos de contaminação da mucosa com saliva, outras secreções ou tecidos internos de animal suspeito de ter raiva, seguir o esquema profilático indicado para lambedura da mucosa. A mucosa ocular deve ser lavada com solução fisiológica ou água corrente. Em geral, não é recomendada a sutura dos ferimentos, mas quando for absolutamente necessário, deve-se aproximar as bordas com pontos isolados e, caso seja indicado o soro antirrábico, este deverá ser infiltrado de 30 a 60 minutos antes da sutura. Antibióticos poderão ser utilizados de acordo com a avaliação médica;

2. Avaliar a imunização antitetânica e aplicá-la quando indicado;

3. Avaliar o risco de transmissão do vírus da raiva e conduta a ser seguida, conforme orientações anteriores. Bases Gerais da

 

Profilaxia da Raiva Humana

1. A profilaxia contra a raiva deve ser iniciada o mais precocemente possível;

2. Sempre que houver indicação, tratar o paciente em qualquer momento, independentemente do tempo transcorrido entre a exposição e o acesso à unidade de saúde. Habitualmente, indica-se para acidentes ocorridos até 1 ano antes;

3. O histórico vacinal do animal agressor não é suficiente para a dispensa da indicação do esquema profilático da raiva humana;

4. Não se indica o uso de soro antirrábico para os pacientes considerados imunizados por esquema profilático anterior, exceto nos casos de pacientes imunodeprimidos ou em caso de dúvidas sobre o tratamento anterior; 5. Pacientes imunodeprimidos: usar obrigatoriamente o esquema de sorovacinação, independentemente do tipo de acidente e mesmo se tiver histórico de esquema profilático anterior;

6. Aplicar a dose de soro recomendada até o 7º dia após a aplicação da 1ª dose da vacina de cultivo celular;

7. Buscar os faltosos – é importante que o paciente realize o esquema de pós exposição no tempo recomendado.

 

 

Fontes

https://www.saude.df.gov.br/raiva

https://semsa.manaus.am.gov.br/vigilancia-epidemiologica/acoes-epidemiologica/programa-de-profilaxia-e-raiva-humana/

https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/protocolo_atendimento_raiva_humana_04_21.pdf