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Stenotrophomonas maltophilia - tratamento

Considerações iniciais

S. maltophilia é um bacilo gram-negativo não fermentador que possui um extenso leque de genes de resistência aos ATM, implicando em resistência a cefalosporinas, carbapenêmicos, aminoglicosídeos, fluoroquinolonas e tetraciclinas. O manejo adequado das infecções por S. maltophilia é complexo, pois não há pontos de corte clínicos nos testes microbiológicos, com opções de tratamento limitadas e escassez de dados baseados em resultados robustos. Nesse contexto, atualmente, pelo BRCAST, somente existe ponto de corte no TSA para sulfametoxazol-trimetropima e a condução de casos de infecção por S. maltophilia requer orientação de infectologista .

No Brasil, os antimicrobianos que apresentam atividade contra S. maltophilia e são aprovados para uso clínico são: ceftazidima-avibactam, SMX-TMP, levofloxacino e tigeciclina.

De acordo com as recomendações do BrCAST, existem pontos de corte somente para a combinação SMX-TMP. Isolados com CIM, ≤ 0,001; entre 0,002 e 4 e > 4 mg/L são  classificados como sensíveis, sensíveis aumentando a exposição e resistentes, respectivamente.

 

Alternativas terapêuticas

-  Infecções leves

· Primeira escolha: sulfametoxazol + trimetropima em monoterapia.

-  Infecções moderadas a grave

Deve ser considerada a utilização de dois agentes antimicrobianos, sendo um deles, preferencialmente, sulfametoxazol + trimetoprima.

Consultar infectologista para definir o melhor ATM para associação. Quando houver resposta clínica favorável, pode ser considerada a transição para a monoterapia com sulfametoxazol + trimetoprima.

- Observação:

Ceftazidima + avibactam associado ao aztreonam deve ser considerada no tratamento de infecções mais graves quando há resistência à sulfametoxazol + trimetoprima.

1. Primeira linha

Sulfametoxazol-trimetoprima (SMX-TMP, “Bactrim”)

Dose para infecção grave/sepsis:

15–20 mg/kg/dia de trimetoprima, divididos a cada 6–8h, EV.

Ex.: paciente 70 kg → ~ 1.050–1.400 mg TMP/dia → equivalente a 7–9 ampolas de Bactrim EV por dia (cada ampola contém 80 mg TMP + 400 mg SMX em 5 mL).

Ajustar dose para função renal.

 

2. Alternativas (se contraindicação ou resistência)

Levofloxacino 750 mg EV 1x/dia (se suscetível).

Minociclina 200 mg EV/VO ataque, depois 100 mg EV/VO 12/12h.

Tigeciclina (em alguns casos, mas não ideal para bacteremia → baixa concentração sérica).

Ceftazidima-avibactam + aztreonam (estratégia para cepas multirresistentes).

 

3. Duração do tratamento

Sepse/bacteremia: 10–14 dias, podendo ajustar conforme resposta clínica e clearance bacteriano.

 

⚠️ Pontos críticos

Sempre pedir teste de sensibilidade (antibiograma) → resistência de S. maltophilia é variável.

Ajuste renal obrigatório para Bactrim (risco de hiperK⁺, insuficiência renal, mielotoxicidade).

Evitar carbapenêmicos: naturalmente resistentes.

Fontes:

http://clinicamedicahuwc.blogspot.com.br/2014/04/protocolo-de-tratamento-para-germes.html

http://www.hum.uem.br/wp-content/uploads/2014/05/multiresistentes.pdf

http://www.sbp.com.br/pdfs/Anti-Infecciosos_Infec_Hospitalar.pdf

https://www.saude.df.gov.br/documents/37101/0/Protocolo+de+tratamento+antimicrobiano+contra+bact%C3%A9rias+gram-negativas+multirresistentes.pdf/9856a4e0-2d63-1662-9406-4fd18d86730e?t=1727876990378

https://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/infeccao-hospitalar/doc/nt07_ihentero.pdf