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Insulinas lentas e ultralentas.

Considerações iniciais

As insulinas utilizadas para o papel de basal são as lentas e ultralentas. Seu principal objetivo é a manutenção da glicemia estável no período entre as refeições.

A insulina NPH é a única representante das insulinas lentas. Ela começa a agir em 1 a 2 horas, tem seu pico de ação em 5 a 7 horas e duração de ação de 13 a 18 horas.

As insulinas ultralentas são representadas pela

Insulina Detemir - com início de ação em 1 a 2 horas, discreto pico de ação em 2 horas e duração de ação de 12 a 24 horas -

Insulina Glargina - com início de ação em 1 a 2 horas, ausência de pico de ação e duração de ação de 18 a 24 horas.

Insulina glargina

A insulina glargina é um análogo de ação prolongada e seu uso é recomendado para pacientes com dois anos de idade ou mais. Está disponível sob a forma de duas apresentações:

glargina U100 (duração de ação de 20-24h) e glargina U300 (duração de ação de aproximadamente 36h).

Essas apresentações não são diretamente intercambiáveis, sendo necessária a adoção de estratégias para sua diferenciação (ex.: uso de etiquetas com destaques para a concentração; separação das apresentações no processo de armazenamento), bem como processo cuidadoso de checagem para evitar troca entre elas. Para prevenir erros, é importante que os profissionais de saúde tenham conhecimento sobre a necessidade de ajuste de dose no processo de troca entre insulinas ou entre suas apresentações e orientem o paciente de forma adequada.

Ao trocar a insulina NPH pela insulina glargina U300, por exemplo, há necessidade de ajuste de dose (redução de 20% da dose), além de monitorização glicêmica mais frequente no início do uso da nova insulina para evitar a ocorrência de hipoglicemia.

No caso da troca da insulina NPH para insulina glargina U100, também pode ser adotada a redução de 20% da dose inicial, mas, muitas vezes, pode não ser necessária a manutenção da dose reduzida, demandando cuidadosa monitorização individual.

A troca da insulina glargina U100 por glargina U300 pode ser realizada na mesma proporção (1:1). Essas informações devem ser levadas em consideração no processo de transição do cuidado, destacando-se a importância de conciliação medicamentosa cuidadosa com detalhamento do tipo de apresentação utilizada por usuários de glargina, que, na maioria vezes, não estará disponível em hospitais.

Na transição entre insulinas, é fundamental orientar o paciente que, diferente do previsto para o preparo da insulina NPH, não deve ser realizada pré-mistura da insulina glargina com insulina regular ou ultrarrápida devido ao risco de alteração dos seus perfis farmacocinéticos.

O uso da insulina glargina é realizado em dose única, devendo o horário de sua aplicação ser individualizado em cooperação com o paciente e/ou cuidador, de acordo com sua variabilidade glicêmica.

Insulina asparte

A insulina asparte é um medicamento de ação rápida e possui perfil que mimetiza bem a ação da insulina fisiológica. É uma boa opção para crianças a partir dos dois anos de idade e para idosos que apresentam padrão alimentar imprevisível, pois pode ser aplicada logo antes ou logo após as refeições, conforme o perfil do paciente.

Por outro lado, essa peculiaridade da insulina asparte, que a difere da insulina regular (que deve ser administrada cerca de 30 minutos antes das refeições), pode levar a alterações glicêmicas caso o paciente ou a equipe de saúde não siga adequadamente as orientações sobre sua administração. Isso reforça a necessidade de empoderar pacientes, familiares e cuidadores para que participem dos processos de cuidado.

O engajamento de pacientes, familiares e cuidadores no processo de monitorização da glicemia e aplicação de insulina, bem como na identificação dos sinais e sintomas de hipoglicemia, é fundamental para reduzir os riscos de hipoglicemia grave e garantir a segurança desses pacientes em domicílio. Exemplos de erros envolvendo as insulinas glargina e asparte, bem como orientações relacionadas ao uso adequado e seguro, estão apresentados nos quadros a seguir.

 

https://www.ismp-brasil.org/site/wp-content/uploads/2021/06/boletim_ismp_INSULINAS-GLARGINA-E-ASPARTE.pdf

 

https://hospitalsiriolibanes.org.br/blog/endocrinologia/a-importancia-de-saber-como-agem-e-quanto-tempo-duram-as-insulinas