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Perfurações do Tímpano

Considerações iniciais

O tímpano ou membrana timpânica é uma membrana bastante delicada e frágil que separa o ouvido externo do ouvido médio. Por esse motivo, as perfurações do tímpano não são raras de acontecer. O tímpano é uma membrana muito fina e semitransparente com um formato arredondado e côncavo, situada na profundidade do canal auditivo externo, que separa o ouvido externo (pavilhão auricular e canal auditivo externo) do ouvido médio (cavidade onde ficam os ossículos — martelo, estribo e bigorna), sendo assim importante para a audição e para a proteção contra a entrada de agentes infeciosos. O tímpano, por ser uma estrutura importante na transmissão do som do meio externo para o interior do ouvido, transforma o som em energia vibratória, sendo essa vibração transmitida para os ossículos que, depois, a transmitem à cóclea (responsável pela transformação do som de energia hidromecânica em energia elétrica para o nervo auditivo).

Se o tímpano estiver perfurado, as ondas sonoras não serão transmitidas, levando a uma diminuição da capacidade auditiva surgindo, na maioria das vezes, uma perda auditiva de grau ligeiro (21—40 dB) a moderada (41—70 dB) sendo que, em alguns casos, se houver uma lesão na cadeia ossicular, pode chegar a grau severo (71—90 dB). Uma perfuração timpânica pode ser diagnosticada pelo médico ao examinar o ouvido com um otoscópio.

Causas

Pode ocorrer de forma espontânea ou traumática, sendo que na primeira há uma infeção chamada otite média, que se caracteriza pelo acumular de secreções no interior do ouvido médio, aumentando a pressão e provocando isquemia e necrose da membrana timpânica. Como resultado, o paciente sente dor seguida de secreção purulenta; já a perfuração traumática pode- se dar pela inserção de objetos dentro do canal auditivo (cotonetes ou protetores auriculares) ou pela concussão ocasionada por uma forte pressão que atinge a membrana timpânica (trauma acústico). Como consequência dessa perfuração pode haver perda auditiva geralmente de transmissão (quando o som é bloqueado e não consegue alcançar as estruturas sensoriais do ouvido interno), acompanhada por plenitude aural, zumbido, autofonia e otites. A perda auditiva sentida pelo paciente torna-se mais intensa quanto maior for a perfuração, piorando nas frequências mais graves.

Outra forma de perfuração da MT é o chamado barotrauma (uni ou bilateral) que se caracteriza por lesões derivadas da mudança súbita de pressão (por atividades aquáticas ou aéreas) que pode causar dor, plenitude aural (sensação de ouvido cheio) e infeções do ouvido médio.

As perfurações timpânicas podem ocorrer devido a uma série de causas:

  • Infecções do ouvido médio
  • Perfuração traumática por objetos pontiagudos introduzidos no ouvido, como cotonetes, grampos ou lápis.
  • Pancadas na cabeça próxima ao ouvido
  • Explosão próxima
  • Tapas no ouvido
  • Barotrauma durante viagens de avião ou mergulhos

Lesões penetrantes do tímpano, podem também levar a desarticulação dos ossículos do ouvido, fraturas desse osso, ou fístulas com o ouvido interno.

Nas causas infecciosas, a própria infecção é bastante dolorosa, principalmente devido ao acúmulo de secreção no ouvido médio.  Essa pressão acaba perfurando o tímpano, drenando o pus e aliviando a pressão interna. O paciente percebe então a saída dessa secreção, às vezes com estrias de sangue, mas com alívio da dor.

As perfurações do tímpano causadas por lesão gera dor súbita e intensa, perda de audição e zumbido. Caso haja lesão da cadeia ossicular ou lesão do ouvido interno, a perda auditiva é mais grave.

Diagnóstico

Em relação ao quadro clínico, na perfuração do timpano observa-se o início súbito de dor acompanhada de perda auditiva; otorréia com sangue, mais comum; perda auditiva; vertigem ou zumbido, são passageiros a menos que haja lesão no ouvido interno associada; e, otalgia. A ruptura da membrana timpânica de suspeição inicial clínica. Na ausência de ruptura evidente da MT no exame, a otoscopia pneumática e a timpanometria podem ser usadas para avaliar a perfuração oculta. No entanto, esses dispositivos nem sempre estão disponíveis.

Além disso, se houver suspeita de perfuração, a otoscopia pneumática geralmente deve ser evitada pelo risco de danos ao ouvido médio. O embaçamento do otoscópio também pode ser usado como um indicador de perfuração, pois o ar quente umidificado se conecta da nasofaringe ao ouvido médio e se comunica com o conduto auditivo externo por meio da perfuração, levando à condensação no otoscópio.

O diagnóstico é feito com a otoscopia, na qual o otorrino visualiza diretamente a perfuração. Às vezes, é realizada uma audiometria para verificar o grau de acometimento da audição.

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Tratamento

O tratamento da perfuração muitas vezes é desnecessário, pois elas têm a tendência de se fecharem sozinha. Caso haja infecção, pode ser necessário o uso de antibióticos.

 

O fundamental na perfuração é sempre proteger o ouvido da água, pois a penetração de água no ouvido médio leva a infecções, o que diminui a chance de cicatrização da perfuração, além de predispor a infecções se a orelha estiver molhada. As precauções para manter a orelha seca incluem a oclusão do meato acústico externo (p. ex., utilizando uma bola de algodão revestida com vaselina) durante duchas e banhos, e evitar a natação. Antibióticos tópicos de rotina não são necessários. Entretanto, profilaxia com gotas antibióticas para os ouvidos é necessária se houver a possibilidade de contaminantes terem penetrado a perfuração como ocorre em lesões sujas.

Se a orelha estiver infectada, pode-se administrar amoxicilina 500 mg por via oral a cada 8 horas por 7 dias; entretanto, em geral, o tratamento tópico com fluoroquinolona (ciprofloxacino ou ofloxacino) em gotas é suficiente. Colírios contendo aminoglicosídeos (p. ex., neomicina, tobramicina) ou polimixina não devem ser prescritos para pacientes com membrana timpânica perfurada ou com um tubo de timpanostomia, por causa da potencial ototoxicidade.

Se a perfuração não fechar após 2-3 meses, ou tiver ocorrido lesão dos ossículos ou do ouvido interno, pode ser indicado tratamento cirúrgico.​​​ No entanto em alguns casos, será necessária cirurgia para reparar o tímpano (timpanoplastia), mas dependo do trauma, os ossículos podem estar comprometidos e, nesse caso, o procedimento cirúrgico tem como função corrigir esses danos.

Portanto, se as perfurações forem localizadas no quadrante póstero-superior, causadas por trauma penetrante ou com menos de dois meses de existência, a cirurgia seria indicada e o paciente encaminhado à otorrinolaringologia, por estarem associadas à má cicatrização de rotina. Além disso, se houver perda auditiva, os pacientes devem ser encaminhados à otorrinolaringologia e audiologia desde o início .

Fontes

https://drdouglasribeiro.com.br/perfuracoes-do-timpano/

https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-do-ouvido-nariz-e-garganta/doen%C3%A7as-do-ouvido-m%C3%A9dio/perfura%C3%A7%C3%A3o-do-t%C3%ADmpano

GAO, T. et al. Management of traumatic tympanic membrane perforation: a comparative study. Therapeutics and Clinical Risk Management, v. Volume 13, p. 927–931, jul. 2017.