HIPOCALEMIA - TRATAMENTO
Considerações iniciais
O objetivo da reposição em pacientes com perdas renais ou gastrointestinais é rapidamente levar a concentração de potássio para um nível seguro e mais lentamente repor os estoques corporais. Na hipocalemia crônica, a estimativa é de que uma redução de 1 mEq/L corresponde a um déficit de 200 a 400 mEq. Essa estimativa é imprecisa e não se aplica a hipocalemia por redistribuição. Recomenda-se vigilância dos níveis de potássio durante a reposição.
Um valor de potássio sérico entre 3,0 e 3,5 mEq/L geralmente não produz sintomas e pode ser manejado com reposição oral. Em um nível sérico inferior a 2,5 a 3,0 mEq/L, está indicada a reposição intravenosa e correção mais rápida, pelos riscos relacionados ao distúrbio.
Metas no manejo da hipocalemia
Após a identificação de hipocalemia, o manejo consiste em:
Diagnosticar e abordar a causa
Prevenir complicações do distúrbio (arritmias, fraqueza muscular e rabdomiólise)
Repor o déficit corporal, sendo que após correção sérica, podem ser necessários vários dias de reposição para recompor estoque corporal
Tratamento conforme nível de hipocalemia
Hipocalemia leve (K entre 3 – 3,5 mEq/L)
Pode ser realizada apenas reposição via oral se esta for viável, se não houver alterações em ECG.
Reposição oral:
• o xarope de Cloreto de Potássio (KCL) 6% – KCL xarope 6% (900 mg/15 mL= 12 mEq)): dose usual de 10-30 mL (15 mL = 12 mEq) VO - 3 a 4 vezes por dia, após refeições;
• KCL comprimido (600 mg/cp) - 600mg/cápsula = 8 mEq/cápsula : 600-1.200 mg até de 6/6 horas;
• Citrato de potássio (1 g/10 mEq) 1 comprimido VO de 8/8 horas, junto com as refeições ou 30 minutos após.
Hipocalemia moderada (menor do que 3 – 2,5 mEq/L
Reposição endovenosa, de preferência diluído em solução fisiológica 0,9%.
ATENÇÃO: não repor K+ em soluções glicosadas (estimula a liberação de insulina, que piora a hipocalemia).
Se casos moderados (assintomáticos ou com valor entre 3-2,5mEq/L) pode ser concomitante a via oral, se possível.
Apresentação venosa :
KCl 19,1% 1 ml = 2,5 mEq, sendo 10 ml = 25 mEq.
KCl 10% - 1 ampola tem 10ml = 13,4 mEq
Alternativas de infusão
Exemplos de infusão
• KCL (10%) 10 mL + SF 0,9% 490 mL (26 mEq/L) EV em 60 minutos (13 mEq/hora) - se veia periférica;
• KCL (10%) 20 mL + SF 0,9% 480 mL (54 mEq/L) EV em 60 minutos (26 mEq/hora) - se veia central;
• Fosfato de potássio (2 mEq/mL) 10 mL + SF 0,9% 490 mL (40 mEq/L) EV em 60 minutos (20 mEq/hora).
Monitoramento idealmente repetido do potássio sérico a cada 4-6h.
Hipocalemia grave ou sintomática: Potássio sérico inferior a 2,5 mEq/L ou arritmia, presença de fraqueza muscular acentuada, ou rabdomiólise.
Reposição EV sempre
Concentração máxima em veia periférica é de 50 mEq/L (variando entre 40-80 mEq/L), com velocidade de reposição ideal de 5 a 10 mEq/h, máximo de 20-40 mEq/hora. Caso a taxa de infusão exceda 20 mEq/hora - risco de flebite (preferência por acesso calibroso, preferir veias centrais ou múltiplos acessos periféricos).
Concentração máxima em veia central de 100 mEq/L (variando entre 60-120 mEq/L), com velocidade de reposição ideal de 20-30 mEq/h (com monitorização eletrocardiográfica).
Obervação :
No caso de hipocalemia refratária, considerar a possibilidade de hipomagnesemia associada.
Cautela na reposição venosa
Os pacientes com maior risco de evento adverso por hipocalemia são idosos, pacientes com cardiopatia estrutural e aqueles em uso de antiarrítmicos ou digoxina.
A reposição deve ser cautelosa, pois alguns pacientes podem evoluir com hipercalemia.
Nutrição parenteral, excesso de magnésio e redução da taxa de filtração glomerular podem contribuir com esse fenômeno. Pacientes com hipocalemia por redistribuição dos estoques corporais têm maior chance de evoluir com essa complicação, o que pode ser fatal em alguns casos .
Fontes
https://www.hcrp.usp.br/revistaqualidade/uploads/Artigos/216/216.pdf
https://www.medway.com.br/conteudos/hipocalemia-tudo-que-voce-precisa-saber/
https://www.tadeclinicagem.com.br/guia/205/reposicao-de-potassio/
https://www.med.club/artigos/quando-e-como-repor-potassio-na-hipocalemia