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TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA ESQUISTOSSOMOSE 

O tratamento da esquistossomose sem lesões avançadas consiste na utilização de medicamentos específicos para a cura da infecção. Cumpre estabelecer logo no início dois diagnósticos: o da atividade parasitária por métodos laboratoriais e o da forma clínica da doença.

 

 Tratamento medicamentoso das formas crônicas

1. Praziquantel

É um derivado pirazino-isoquinoleínico, do grupo dos tioxantônicos, que oferece larga margem de segurança para o tratamento da esquistossomose.

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Apresentação

É apresentado em comprimidos de 600 mg e administrado por via oral, em dose única de 50 mg/kg de peso para adultos e de 60 mg/kg de peso para crianças, e é administrado após uma refeição).

 

O índice de cura aproxima-se de 80% para os adultos e de 70% para as crianças.

 

 

 

Os efeitos adversos são leves e transitórios, não existindo evidências de que provoque lesões tóxicas graves no fígado ou em outros órgãos. Entre esses, destacam-se: gosto metálico na boca, dor abdominal, diarreia, astenia, cefaleia e tonturas. Mais raramente, os pacientes podem apresentar febre e reações urticariformes. É o medicamento de eleição para o tratamento da esquistossomose em todas as suas formas clínicas, respeitados os casos de contraindicação formal, referidos adiante. 

É empregado em tratamentos em larga escala, com segurança e bons resultados. Até o momento, não houve relato de aparecimento de cepas resistentes a esse medicamento em áreas endêmicas no Brasil. Todavia, recomenda-se que seja dada especial atenção aos pacientes que tenham sido tratados várias vezes e não tenham se curado.

2.  Oxamniquina

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Apresentação

Disponível sob duas apresentações comerciais: cápsulas com 250 mg de sal ativo e solução contendo 50 mg/ml, para uso pediátrico.

 

Dose

As doses recomendadas são de 20 mg/kg para crianças e de 15 mg/kg para adultos, tomadas de uma só vez cerca de uma hora após a refeição.

O índice de cura é semelhante ao do praziquantel.

 

Recomenda-se ainda que a pessoa permaneça em repouso por pelo menos três horas após a ingestão do medicamento, prevenindo, assim, o aparecimento de náuseas e tonturas, que podem molestar o paciente. Entre os efeitos adversos, merecem referência a sonolência, as tonturas e, em menor número de casos, a alucinação e a convulsão.

 

COMPARAÇÃO ENTE PRAZIQUANTEL E OXAMNIQUINA

Numa  revisão, os autores da Cochrane Collaboration avaliaram os medicamentos para tratar pessoas infectadas pelo Schistosoma mansoni.Eles encontraram 52 estudos, incluindo 10.269 pessoas, que foram conduzidos na África, Brasil e Oriente Médio. A maioria dos estudos avaliou se os remédios diminuíam a eliminação de ovos pelas fezes. Três estudos avaliaram se os remédios melhoravam os sintomas dos doentes.

Os resultados mostram que uma dose única de praziquantel (40 mg/kg), como recomendado pela Organização Mundial da Saúde, é um tratamento eficaz para a infecção pelo Schistosoma mansoni.Doses mais baixas podem ser menos eficazes e doses mais altas provavelmente não trazem maiores benefícios.

A oxamniquina (40 mg/kg), embora não seja um remédio muito usado na atualidade, também é eficaz. Novamente, doses mais baixas podem ser menos eficazes e não foram encontrados benefícios com doses mais altas.

Apenas um estudo comparou o praziquantel 40 mg/kg com a oxamniquina 40 mg/kg. Devido à falta de mais estudos (evidência limitada) não temos certeza de qual intervenção é melhor. Os estudos não descreveram muita coisa sobre efeitos adversos desses remédios. Os poucos relatos existentes sugerem que esses efeitos foram leves e passageiros.

Um estudo mostrou que essas doses podem ser menos eficazes em crianças com menos de cinco anos, Estudos futuros podem ajudar a descobrir qual é a dose ideal para crianças nessa idade.

Conclusão dos autores: 

O tratamento padrão da infecção por S. mansoni com o praziquantel, 40 mg/kg, é apoiado pelas evidências. O tratamento com a oxamniquina, uma alternativa pouco usada, também parece ser efetivo.

A dosagem ideal de ambos os medicamentos para o tratamento das crianças ainda precisa ser descoberta em novos estudos.

Outra área para futuros estudos é a investigação da terapia combinada, idealmente com medicamentos com mecanismos de ação diferentes e com ação em diferentes estágios do ciclo do parasita no hospedeiro humano.

 

3.  Tratamento de outras formas clínicas

Nos pacientes em que há envolvimento da medula espinhal (mielopatia esquistossomótica), a associação de esquistossomicida e esteroides mostra-se eficaz na maioria dos casos. Com frequência, a pulsoterapia com corticoesteroides (prednisolona – 1 grama por dia, por cinco dias) tem sido utilizada.

Os corticoesteroides devem ser mantidos por vários meses após a melhora clínica e cumpre proceder à sua retirada lentamente. Os indivíduos com a forma hepatoesplênica avançada com hipertensão portal ou pulmonar podem desenvolver hepatite ou pneumonite em decorrência da embolia de vermes mortos após o tratamento esquistossomicida. A reação inflamatória em torno dos vermes embolizados no fígado provoca aumento da pressão portal, podendo levar à hemorragia por ruptura das varizes do esôfago ou no pulmão, provocando cor pulmonale agudo. Há evidências de que o uso de corticosteroides, começando um dia antes do esquistossomicida e mantido por pelo menos sete dias após o tratamento, evita o aumento da pressão e suas complicações consequentes.

 

Referências bibliográficas

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigilancia_esquistossome_mansoni_diretrizes_tecnicas.pdf

http://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2018/03/GUIA-DE-VIGIL%C3%82NCIA-EPIDEMIOL%C3%93GICA-ESQUISTOSSOMOSE-MANS%C3%94NICA.pdf

https://www.cochrane.org/pt/CD000528/INFECTN_medicamentos-para-o-tratamento-da-infeccao-por-schistosoma-mansoni-esquistossomose