ASMA BRÔNQUICA - TRATAMENTO
Considerações iniciais
O tratamento da asma é diretamente guiado pela sua classificação de gravidade e, mais importante ainda, pelo nível de controle da doença, utilizando uma abordagem de tratamento escalonada. Isso significa que o tratamento é ajustado (aumentado ou diminuído) com base nos sintomas do paciente, na função pulmonar (VEF1) e no risco de exacerbações.
As diretrizes globais (GINA - Global Initiative for Asthma) e nacionais (SBPT - Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia) dividem o tratamento em "Passos", que progridem em intensidade.
Classificação da Asma e o Tratamento por "Passos"
A asma é classificada em intermitente, persistente leve, persistente moderada ou persistente grave, e o tratamento inicial é baseado nessa gravidade (especialmente antes do tratamento). No entanto, o objetivo principal é sempre atingir o controle da asma e, a partir daí, manter o paciente no menor degrau possível de medicação.
Medicação de Alívio (Para todos os pacientes)
Broncodilatadores de Ação Rápida (SABAs): Como o salbutamol (Aerolin®) ou fenoterol, usados "conforme a necessidade" para alívio imediato dos sintomas (crises).
Atenção: O uso excessivo de SABA (mais de 2 vezes por semana, exceto para prevenção de asma induzida por exercício) é um sinal de asma mal controlada e indica a necessidade de aumentar a medicação controladora.
Medicação Controladora (Diária e de Manutenção)
É a base do tratamento para a maioria dos pacientes com asma. O principal medicamento controlador é o corticosteroide inalatório (CI).
1) Asma Leve (Intermitente) - Passo 1
Características: Sintomas menos de 2 vezes por mês, sem despertar noturno devido à asma, sem limitação de atividade, VEF1 ≥80% do previsto, uso de SABA menos de 2 vezes por mês.
Tratamento:Preferencial: CI de baixa dose + Formoterol (medicamento que combina corticoide e um broncodilatador de ação rápida e longa) conforme a necessidade (para alívio). Esta é uma recomendação mais recente da GINA.
Alternativa: CI de baixa dose sempre que usar SABA, ou CI de baixa dose diário (menos comum para essa classificação mais leve).
2) Asma Leve (Persistente Leve) - Passo 2
Características: Sintomas 2 ou mais vezes por mês, mas menos que diários; despertar noturno 1-2 vezes por mês; alguma limitação de atividade; VEF1 ≥80% do previsto.
Tratamento:
Preferencial: CI de baixa dose diário OU CI de baixa dose + Formoterol conforme a necessidade.
Alternativa: Antagonista do receptor de leucotrienos (montelucaste) diário.
3) Asma Moderada (Persistente Moderada) - Passo 3
Características: Sintomas diários; despertar noturno 1 ou mais vezes por semana; alguma limitação diária de atividade; VEF1 entre 60% e 80% do previsto.
Tratamento:
Preferencial: CI de baixa dose + Broncodilatador de Ação Longa (LABA, como salmeterol ou formoterol) diariamente, em uma única bombinha (terapia combinada).
Alternativa: CI de dose média diário; ou CI de baixa dose + LABA (se separado) + Antagonista do receptor de leucotrienos.
4) Asma Grave (Persistente Grave) - Passo 4
Características: Sintomas persistentes ao longo do dia; despertar noturno frequente; grande limitação das atividades físicas; VEF1 <60% do previsto.
Tratamento:
Preferencial: CI de dose média ou alta + LABA diariamente.
Alternativa: CI de dose alta + LABA; considerar adição de tiotrópio (outro broncodilatador) ou um antagonista do receptor de leucotrienos.
5) Asma Grave Refratária (Persistente Grave Refratária) - Passo 5
Características: Pacientes com asma grave que não respondem aos tratamentos da Asma Persistente Grave ou que necessitam de corticosteroides orais com frequência.
Tratamento:
Encaminhamento para avaliação especializada.
Considerar terapias biológicas (ex: Omalizumabe, Mepolizumabe, Benralizumabe, Dupilumabe), adicionais ao CI de dose alta + LABA.
Corticosteroides orais na menor dose possível e pelo menor tempo necessário.
Importante:
Avaliação do Controle: O tratamento é um processo dinâmico. O médico avalia o controle da asma em cada consulta (geralmente a cada 1-3 meses) e pode aumentar o passo se a asma estiver descontrolada ou diminuir o passo se a asma estiver bem controlada por 3 meses ou mais.
Técnica de Inalação: A eficácia do tratamento depende muito da técnica correta de uso dos inaladores.
Fatores de Risco: É crucial identificar e tratar os fatores que podem piorar a asma, como exposição a alérgenos, tabagismo, refluxo gastroesofágico, obesidade, etc.
Portanto, a classificação inicial guia o ponto de partida, mas a jornada do tratamento da asma é uma constante adaptação para manter o controle e minimizar as exacerbações.
Fontes:
https://ginasthma.org/2024-report/
https://www.medway.com.br/conteudos/gina-2024-o-que-mudou-na-nova-edicao/
https://www.grupomedcof.com.br/blog/atualizacoes-no-tratamento-de-asma/
https://med.estrategia.com/portal/atualidades/gina-2024-o-que-ha-de-novo-sobre-asma/