QUIMIOPROFILAXIA DE TUBERCULOSE LATENTE
Considerações iniciais
O tratamento atual para profilaxia da tuberculose latente (chamado de Terapia Preventiva da Tuberculose – TPT) depende do contexto clínico, idade, comorbidades e diretrizes locais. No Brasil, é regulamentado pelo Ministério da Saúde, e internacionalmente pelas diretrizes da OMS e CDC.
A profilaxia para tuberculose latente (TL), também é conhecida como Tratamento da Infecção Latente da Tuberculose (TILTB), e é uma estratégia fundamental para prevenir que a infecção pelo Mycobacterium tuberculosis (o bacilo da tuberculose) se desenvolva na forma ativa da doença.
No Brasil, o tratamento da TL é parte das diretrizes do Ministério da Saúde e é indicado para grupos específicos de pessoas que têm alto risco de desenvolver a tuberculose ativa, como:
Diagnóstico da Tuberculose Latente
Antes de iniciar a profilaxia, é crucial afastar a tuberculose ativa. Isso é feito por meio de:
Exame clínico: Avaliação de sintomas como tosse prolongada, febre, perda de peso, sudorese noturna.
Radiografia de tórax: Para buscar sinais de doença pulmonar ativa.
Baciloscopia de escarro (se houver tosse): Para verificar a presença do bacilo no escarro.
Se a tuberculose ativa for descartada, a TL é diagnosticada principalmente por:
Teste Tuberculínico (TT) ou PPD (Prova Tuberculínica/Mantoux): Consiste na injeção de uma pequena quantidade de derivado proteico purificado na pele. A leitura é feita após 48-72 horas, medindo o diâmetro da enduração (elevação) no local. O resultado é interpretado de acordo com o grupo de risco do paciente.
Teste de Liberação de Interferon-Gama (IGRA): É um exame de sangue que mede a resposta imune à bactéria. Pode ser usado em algumas situações específicas, especialmente em pessoas previamente vacinadas com BCG, onde o PPD pode dar um falso-positivo.
Esquemas de Tratamento (Profilaxia)
No Brasil, existem vários esquemas recomendados, com diferentes durações e medicamentos. A escolha do esquema depende da idade do paciente, comorbidades, risco de hepatotoxicidade e interações medicamentosas.
Os principais esquemas são:
Isoniazida (H) por 6 ou 9 meses:
Isoniazida 5 a 10 mg/kg de peso/dia (dose máxima de 300 mg/dia para adultos).
Duração:
9 meses (270 doses): É o esquema preferencial, considerado mais eficaz.
6 meses (180 doses): Pode ser usado em algumas situações, especialmente se a adesão ao esquema de 9 meses for difícil.
Administração: Dose única diária, preferencialmente em jejum.
Indicação: É o esquema mais tradicional e amplamente utilizado.
Rifampicina (R) por 4 meses:
Rifampicina 10 mg/kg de peso/dia (dose máxima de 600 mg/dia para adultos).
Duração: 4 meses (120 doses diárias), podendo prolongar por até 6 meses.
Administração: Dose única diária, preferencialmente em jejum.
Indicação: Alternativa para quem não tolera isoniazida ou em grupos específicos (ex: crianças menores de 10 anos, pessoas com mais de 50 anos, hepatopatas).
Isoniazida + Rifapentina (3HP) por 3 meses (semanal):
Isoniazida + Rifapentina (doses combinadas), administradas uma vez por semana.
Duração: 12 doses semanais (completadas em 12 a 15 semanas).
Indicação: Um esquema de curta duração que tem sido cada vez mais utilizado por melhorar a adesão. No entanto, sua disponibilidade pode variar e há algumas contraindicações específicas (ex: gestantes, interação com antirretrovirais específicos para HIV).
Mais usado nos EUA, indicado especialmente para adesão facilitada
⚠️ Antes de iniciar: Excluir TB ativa (clínica, imagem e, se necessário, escarro ou teste molecular)
Avaliar função hepática (TGO, TGP)
Orientar sobre sinais de hepatotoxicidade
Escolha do esquema
A definição depende de fatores como:
- Idade e função hepática
- Comorbidades (ex.: HIV, diabetes)
- Preferência do paciente e capacidade de adesão
- Interações medicamentosas
- Casos de hepatite recente ou doença hepática prévia
No Brasil, embora a isoniazida seja mais usada, há uma tendência de preferência às formas mais curtas (rifampicina ou esquema combinado) devido a melhor adesão e menor risco de efeitos colaterais .
Fontes
https://www.tadeclinicagem.com.br/guia/107/tuberculose-latente/
https://smscap31.com.br/fluxogramas/tecnicos/tuberculose/7-tratamento-de-iltb.php
https://blog.sanarsaude.com/portal/residencias/artigos-noticias/farmacia-farmaceutico-artigo-tratamento-da-tuberculose