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PAINEL NGS PARA EGFR, KRAS, NRAS E BRAF - TUMOR

Considerações iniciais

O diagnóstico patológico no câncer de pulmão vai além da classificação histológica, abrangendo a classificação molecular e o laudo preditivo de biomarcadores. Existem vários métodos para a obtenção de amostras de neoplasias pulmonares malignas. Pequenas amostras(biópsias ou citologia) são cada vez mais comuns, superando os materiais provenientes de ressecção cirúrgica completa. Já que aproximadamente 70% dos pacientes com câncer de pulmão apresentam-se com doença em estágio avançado irressecável, o diagnóstico e a obtenção de biomarcadores dependem principalmente de pequenas biópsias e amostras de citologia.   

 

Este teste detecta mutações específicas nos genes KRAS /NRAS / BRAF. No DNA das células e tecidos cancerígenos. A presença dessas mutações pode indicar que certos medicamentos não serão eficazes no tratamento do câncer.

 

 

Diagnóstico e subtipagem do tumor

Diferenciação de tumores: Identificar a malignidade e diferenciar entre carcinoma e outros tipos, como o câncer de células não pequenas, geralmente requer apenas uma coloração H&E. A possibilidade de diferenciação neuroendócrina e se é um câncer primário de pulmão também são considerações importantes.

Estratégias de amostragem: Em uma era de terapias moleculares personalizadas, a amostragem de tecidos é desafiadora. Uma amostra menor provavelmente não representará a heterogeneidade do tumor, e a colaboração multidisciplinar é crucial. Técnicas auxiliares podem ser usadas, visando preservar a amostra para testes moleculares.[

Painéis de anticorpos: A investigação com grandes painéis usando mais de 2-4 anticorpos não é recomendada. Em vez disso, um painel limitado é frequentemente suficiente. Laboratórios específicos podem preparar lâminas adicionais para vários testes, embora a maioria no Brasil necessite de blocos de parafina para exames de NGS.

 

Teste do PD-L1

Muitos laboratórios brasileiros só têm a técnica de IHQ. O teste PD-L1, baseado em IHQ, é o único teste preditivo validado para este marcador, mas sua variedade pode causar confusão.

Vários clones de PD-L1 são usados em laboratórios de patologia, incluindo 22C3, 28-8, SP263, e SP142. Eles têm características de desempenho distintas e são otimizados para diferentes propósitos, levando a variações nos resultados.

A seleção de amostras adequadas é vital, especialmente se vários blocos teciduais estiverem disponíveis. Técnicas em alguns laboratórios podem exigir cortes adicionais, e, neste caso, os resultados de todos os blocos analisados devem ser combinados.

Amostras de “cell block”: Se o único material disponível for um “cell block”, o  PD-L1 pode ser feito, desde que os espécimes citológicos tenham sido processados corretamente com as mesmas características pré-analíticas das biópsias. 

O diagnóstico e subtipagem de tumores desempenham um papel crucial no planejamento do tratamento e na determinação da melhor abordagem para testes moleculares. O PD-L1, em particular, tem várias nuances que os profissionais de saúde precisam considerar ao interpretar os resultados e decidir sobre o tratamento subsequente.

 

KRAS

KRAS é um nome abreviado para o gene homólogo do oncogene viral do sarcoma de rato Kirsten. É um de um grupo de genes envolvidos em uma via chamada via receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR). Essa via complexa de sinalização envolve vários componentes que retransmitem sinais de fora para dentro da célula para ajudar a regular o crescimento, a divisão, a sobrevivência e a morte da célula.

Em muitas células normais, a ligação do fator de crescimento epidérmico (EGF) ao seu receptor (EGFR) na superfície da célula é um sinal importante para o crescimento e a divisão celular. Outros sinais no caminho envolvem uma classe de proteínas chamadas enzimas tirosina quinase (TK) e uma proteína produzida pelo gene KRAS. Normalmente, os componentes da via interagem na regulação do crescimento e divisão celular e não estimulam individualmente a proliferação celular.

No entanto, em alguns tipos de câncer, o EGFR se torna ativo mesmo na ausência de EGF, levando a crescimento e divisão celular descontrolada.

Drogas que inibem o EGFR ou enzimas tirosina quinase são frequentemente úteis no tratamento de tais cânceres. Alguns desses cânceres, no entanto, têm uma mutação no gene KRAS que produz uma proteína K-Ras anormal. A proteína anormal está sempre ativa e pode estimular o crescimento celular, mesmo na ausência de sinais do EGFR ou de outras proteínas. Portanto, nesses cânceres, os medicamentos que inibem o EGFR ou a tirosina-quinases não serão eficazes.

KRAS e NRAS são membros da família de oncogene RAS intimamente relacionados, e mutações nos genes dos códons 12, 13 (exon 2), códon 61 (exon 3) e códon 146 (exon 4) resultam em níveis aumentados de proteínas RAS ligadas ao trifosfato de guanosina. A sinalização RAS hiperativa promove a oncogênese.

No carcinoma colorretal (CRC), as mutações KRAS e NRAS nesses códons são encontradas em até 50% dos casos e predizem uma falta de resposta à terapia anti-EGFR.

A maioria das mutações RAS são mutações pontuais que ocorrem no exão 2 do KRAS (códons 12 ou 13; cerca de 40%). Outras mutações do SRA são menos frequentes, com as mutações mais comuns que ocorrem nos exões 3 e 4 do KRAS e nos exões 2 e 3 do NRAS (3).

 

BRAF

E a a mutação BRAF V600E causa sinalização descontrolada da via MAPK, levando ao crescimento e proliferação celular excessivos.

A mutação de BRAF V600E ocorre em aproximadamente 1-2% dos pacientes com adenocarcinoma de pulmão, e age como um driver oncogênico. Este perfil de pacientes parece responder pior a terapia padrão com quimioterapia. Assim como em outras alterações moleculares no câncer de pulmão a identificação desta mutação também gerou inúmeros estudos com objetivo de identificar e avaliar drogas alvo que pudessem oferecer melhores desfechos para os portadores. O uso de dabrafenibe isolado ou em associação ao trametinibe demonstrou importante atividade antitumoral nesta população.

 

A identificação dos pacientes que apresentam essa mutação passa a ser fundamental para a possível indicação deste tratamento. Um dos métodos de identificação da mutação de BRAF V600E é o sequenciamento genético de nova geração.

Fontes

https://citolab.com.br/exames/kras--nras---braf/

https://www.sbp.org.br/guidelines/pulmao/

https://oncologiabrasil.com.br/video-pacientes-com-cancer-de-pulmao-nsclc-braf-ganham-primeira-opcao-de-terapia-alvo-dirigida/