Hanseníase - tratamentos alternativos
Considerações iniciais
O tratamento da hanseníase (lepra) é padronizado pela OMS e pelo Ministério da Saúde do Brasil, baseado em poliquimioterapia (PQT), que combina antibióticos para evitar resistência e garantir a cura. Para casos de alergia severa ou refratariedade comprovada a medicamentos de primeira linha para hanseníase, a conduta é utilizar medicamentos alternativos que, embora menos estudados e padronizados, são reconhecidos como eficazes em esquemas de segunda linha.
Essas opções são consideradas em regimes de tratamento específicos, que devem ser sempre supervisionados por centros de referência em hanseníase ou infectologia.
Nos pacientes que não toleram a PQT de primeira linha (rifampicina, dapsona, clofazimina). Nesses casos, o Ministério da Saúde e a OMS recomendam esquemas alternativos.
🔹 Situações especiais
- Intolerância ou alergia (ex.: anemia hemolítica por dapsona, reação cutânea grave, hepatite medicamentosa, hipersensibilidade).
- Resistência medicamentosa confirmada (principalmente à rifampicina, que é a droga mais importante).
💊 Opções terapêuticas alternativas
As classes de medicamentos mais utilizadas nesses casos, sempre em esquemas combinados, incluem:
1. Fluorquinolonas:
Moxifloxacino e Ofloxacino: São os mais utilizados. Possuem boa atividade bactericida contra o M. leprae. São frequentemente incluídos em esquemas que substituem a rifampicina, por exemplo, em casos de resistência a esse fármaco.
Moxifloxacino 400mg VO
Ofloxacino 400 mg/dia VO
2. Tetraciclinas:
Minociclina: Esta tetraciclina semi-sintética tem um efeito bacteriostático contra a bactéria da hanseníase e é uma das drogas alternativas mais antigas e conhecidas para o tratamento. É uma opção valiosa para pacientes que não toleram outros medicamentos.
Minociclina (tetraciclina de segunda geração) 100 mg/dia VO
3.Macrolídeos:
Claritromicina: Possui atividade contra o M. leprae e é uma opção para compor o esquema. Embora seja menos potente que a rifampicina, pode ser utilizada em combinação para alcançar um efeito sinérgico.
Claritromicina (macrolídeo) 500 mg/dia VO
👉 Essas drogas podem ser usadas em associação entre si ou em substituição a uma das drogas do esquema padrão.
🔄 Exemplos de esquemas alternativos
A) Se intolerância à dapsona
Rifampicina + Clofazimina + (Ofloxacino ou Minociclina ou Claritromicina)
A.1) Hanseníase paucibacilar (PB)
Dose mensal supervisonada: Rifampicina 600mg + clofazimina 300mg + ofloxacino 400mg (ou minociclina 100mg)
Dose diária autoadministrada: Clofazimina 50mg + ofloxacino 400mg (ou minociclina 100mg)
Duração 6 meses
A.2) Hanseníase multibacilar (MB)
Dose mensal supervisonada: Rifampicina 600mg + clofazimina 300mg + ofloxacino 400mg (ou minociclina 100mg)
Dose diária autoadministrada: Clofazimina 50mg + ofloxacino 400mg (ou minociclina 100mg)
Duração 12 meses
B) Se intolerância à clofazimina
Rifampicina + Dapsona + (Ofloxacino ou Minociclina ou Claritromicina)
B.1) Hanseníase paucibacilar (PB)
Dose mensal supervisonada: Rifampicina 600mg + dapsona 100mg + ofloxacino 400mg (ou minociclina 100mg) Dose diária autoadministrada: Dapsona 100mg + ofloxacino 400mg (ou minociclina 100mg)
Duração 6 meses
B.2.) Hanseníase multibacilar (MB)
Dose mensal supervisonada: Rifampicina 600mg + dapsona 100mg + ofloxacino 400mg
Dose diária autoadministrada: Dapsona 100mg + ofloxacino 400mg (ou minociclina 100mg)
Duração 12 meses
C) Se intolerância à rifampicina
Rifampicina é a droga mais importante — nesses casos o manejo deve ser feito em centros de referência.
Combinação possível: Clofazimina + Ofloxacino + Minociclina
C.1.) Hanseníase paucibacilar (PB) e Multibacilar (MB), esse ultimo na primeira fase.
Dose mensal supervisionada: Clofazimina300 mg + ofloxacino 400mg + minociclina 100mg
Dose diária autoadministrada: Clofazimina 50mg + ofloxacino 400mg + minociclina 100mg
Duração 6 meses
C.2.) Hanseníase multibacilar (MB)
Dose mensal supervisonada: Clofazimina 300mg + ofloxacino 400mg (ou minociclina 100mg)
Dose diária autoadministrada: Clofazimina 50mg + ofloxacino 400mg (ou minociclina 100mg)
Duração 18 meses subsequentes
D) Resistência a múltiplos fármacos
Regimes individualizados em centros de referência, associando 2 ou 3 drogas de segunda linha por pelo menos 24 meses.
Fontes
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/hanseniase/publicacoes/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-da-hanseniase-2022/view
https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/consultas/relatorios/2018/relatorio_esquemamultidrogaterapiaunicaparahanseniase.pdf
https://aps-repo.bvs.br/aps/em-relacao-ao-tratamento-de-hanseniase-quando-se-estender-ate-18-meses/