Tratamentos para endometriose
Considerações iniciais
A endometriose é uma doença complexa, pois não há regra em sua manifestação. Em cada mulher ela pode se apresentar de uma maneira, por isso o tratamento é sempre personalizado.
Além dos fatores clínicos, o tratamento para a endometriose deve levar em consideração questões pessoais da paciente, como o nível de dor que ela sente e seu interesse ou não de engravidar.
É importante lembrar que a endometriose é um distúrbio do sistema reprodutor. Ela pode aparecer a qualquer momento durante a idade fértil feminina e desaparecer naturalmente após a menopausa. Os sintomas também podem não se manifestarem temporariamente durante a gravidez, já que neste período não há aumento das células endometriais.
Os tratamentos para a endometriose podem ser divididos em dois grupos: clínicos e cirúrgicos.
Tratamentos clínicos
Funcionam através de medicamentos que regulam a produção e captação hormonal, principalmente do estrogênio – responsável pelo aumento das células endometriais – e da progesterona, hormônio que equilibra e reduz o aumento dessas células.
Assim, eles limitam o aumento das células endometriais, o que impede a progressão da doença e diminui significativamente seus sintomas. Por outro lado, esses sintomas podem reaparecer com a interrupção do medicamento.
O tratamento da endometriose em mulheres com queixa de dor pélvica pode ser clínico ou cirúrgico. Inicialmente, antes de indicar a laparoscopia, que é a melhor opção cirúrgica, a tentativa de tratamento clínico é válida. Dispomos de algumas medicações para este fim, todas são usadas com a mesma finalidade, ou seja, fazer com que tenhamos um ambiente de hipoestrogenismo.
Vale salientar que as medicações tratam apenas os sintomas. Não há, até o momento, nenhuma droga capaz de eliminar os focos de endometriose. Isso significa que o tratamento hormonal é feito a longo prazo, até que haja desejo de gravidez.
Os tratamentos clínicos mais comuns são:
1. Pílulas anticoncepcionais
Compostas por progesterona e estrogênio, são muito eficazes como tratamento da endometriose. Há uma grande variedade destes medicamentos no mercado, com diferentes doses hormonais. Seu ponto negativo é que diversas pesquisas apontam uma relação entre o uso de pílulas anticoncepcionais e a incidência de trombose.
2. DIU hormonal
O DIU hormonal é um pequeno dispositivo que, ao ser inserido no útero, atua liberando levonorgestrel – hormônio análogo à progesterona. Ele reduz muito o volume e as cólicas menstruais, sendo muito eficaz no tratamento da endometriose. Além disso, é um dos métodos contraceptivos mais eficaz, ficando na frente das pílulas anticoncepcionais.
Por ser liberado direto no útero, o levonorgestrel não se espalha pela corrente sanguínea, o que torna o DIU hormonal um dos métodos clínicos que menos possuem efeitos colaterais.
O DIU de cobre, o mais antigo e, tradicional, NÃO DEVE SER UTILIZADO POR MULHERES COM DIAGNÓSTICO DE ENDOMETRIOSE.
Já o Dispositivo intra-uterino liberador de progesterona (DIU-Mirena) sim. Este dispositivo é colocado dentro do útero e libera gradualmente a progesterona. Este hormônio leva à atrofia do endométrio, ele literalmente “seca” e o efeito é semelhante nos implantes de endometriose. Depois de colocado continua ativo por três anos. Este tratamento não serve para as mulheres que tem, ou tiveram o endometrioma( cisto de ovário), já que mesmo com este DIU a mulher continua a ovular, e quando isto acontece o cisto pode aumentar. O principal efeito colateral deste dispositivo é o sangramento irregular.
3. Medicamentos à base de progesterona
Esta opção pode ser efetiva para algumas mulheres, como aquelas que só sentem dores durante o período menstrual. Os mais comuns são:
Uso oral: Conhecidas como minipílulas, sua utilização é bem parecida com a das pílulas anticoncepcionais, com a vantagem de não possuir estrogênio em sua composição.
Injetáveis: Uma forma prolongada de progesterona, que pode ser administrada mensalmente ou a cada três meses.
Uso tópico: Cremes à base de progesterona. A quantidade de hormônio que chega ao útero é muito baixa, o que os torna pouco eficazes.
4. Danocrine
Medicamento oral à base de danazol, um hormônio esteróide sintético que regula a produção de diversos hormônios no organismo. Possui diversos efeitos colaterais.
5. Gestrinona:
Da mesma forma que o danazol, a gestrinona só é utilizada em situações especiais.
Entretanto, sua formulação vaginal pode ser usada em casos de doença retrocervical (aquele implante de endometriose que se aloja atrás do útero e perto de onde termina a vagina)
6. Tratamentos com GnRH
Os análogos atuam sobre a hipófise, bloqueando a ação do GnRH. O GnRH é um hormônio que age em uma parte do cérebro chamada hipotálamo, fazendo com que ele libere hCG – o mesmo hormônio liberado na gravidez. Sem a ação do GnRH na hipófise deixa de produzir os hormônios LH e FSH, necessários para que os ovários produzam estrogênio. Com esta medicação os ovários deixam de funcionar e a mulher passa a viver em um estado de hipoestrogenismo absoluto, como se estivesse na pós menopausa. Além da ação sobre a hipófise, os análogos do GnRH também têm ação direta sobre os implantes de endometriose, fazendo com que eles atrofiem.
Com esta medicação a paciente vai experimentar a pós-menopausa. Fogachos (calores), alterações emocionais, ressecamento vaginal, alterações no colesterol e principalmente diminuição da massa óssea! Entretanto, conhecendo melhor a resposta dos diversos órgãos do corpo a este hormônio podemos utilizar uma medicação com ação estrogênica, como na reposição hormonal na pós-menopausa, para diminuir os efeitos colaterais e impedir a perda de massa óssea. É a chamada terapia de adição hormonal.
Após um mês do uso do análogo prescreve-se estrogênios e este é administrado até 30 dias após a última aplicação. Pode parecer um contra-senso dar estrogênio se o que queremos e deixar a mulher sem o hormônio! Os tecidos do corpo respondem a doses diferentes de estrógeno por isso, podemos receitar um pouco de hormônio sem prejudicar o tratamento da endometriose.
Existem diversos tipos de análogos do GnRH. Pode ser administrado via nasal (spray), intramuscular ou subcutâneo. A aplicação pode ser diária, caso do spray nasal, mensal ou trimestral quando utilizamos a via intramuscular ou subcutânea.
Os dois medicamentos mais conhecidos são o Synarel e o Lupron.
Synarel: Um spray nasal que induz uma rápida liberação de hCG, o que desestimula a produção de estrogênio. Possui menos efeitos colaterais que o Lupron.
Lupron: Uma injeção intramuscular aplicada em duas doses, com um intervalo de 3 meses entre elas. O Lupron libera GnRH de forma prolongada, o que impede a ovulação e a produção de estrogênio. Com isso, a usuária entra em uma espécie de menopausa.
Alguns médicos desaconselham o uso deste medicamento por causa dos seus efeitos colaterais, que podem incluir ondas de calor, suores noturnos, mau humor, irritabilidade, náuseas, insônia, perda óssea e névoa mental. Esses efeitos demoram a desaparecer mesmo após a interrupção do tratamento.
A medicação não deve ser utilizada por mais de seis meses, já que os efeitos colaterais são importantes. A principal indicação dos análogos do GnRH é no pós-operatório de mulheres que foram operadas de endometriose avançada.
LEMBRANDO QUE A MEDICAÇÃO DEVE SER SEMPRE UTILIZADA JUNTO COM COMPOSTO HORMONAL PARA DIMINUIR EFEITOS COLATERAIS CAUSADOS PELO ANÁLOGO DO GNRH
7. Inibidores de Enzima de Aromatase
Medicamentos que agem bloqueando a enzima aromatase, o que evita a produção de estrogênio. Alguns exemplos de medicamentos são Letrazol, Femara e Arimidex. A taxa de sucesso deles não é muito alta, e podem produzir os mesmos efeitos colaterais dos tratamentos com GnRH.
Esta é a mais nova droga usada para o tratamento da endometriose. As células de endométrio e de endometriose possuem a capacidade de fabricar seu próprio estrogênio! Elas possuem uma enzima chamada aromatase. Esta enzima transforma outros hormônios, fabricados pela glândula supra-renal, em estrogênio! Então, em alguns casos mesmo com o bloqueio da produção de estrogênios pelos ovários a endometriose consegue sobreviver. Os inibidores da aromatase bloqueiam esta enzima! Vem sendo utilizada em conjunto com o análogo do GnRH e parece que os resultados são promissores. A droga é usada via oral por seis meses.
Fonte :
https://www.clinicaceu.com.br/blog/tratamento-para-endometriose/#:~:text=P%C3%ADlulas%20anticoncepcionais,mercado%2C%20com%20diferentes%20doses%20hormonais.
https://endometriose.med.br/tratamento-da-endometriose/