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Bloqueio Divisional anterossuperior

Considerações iniciais

Das condições que podem afetar o coração, o BDAS (bloqueio divisional anterossuperior) é um tipo de atraso no sistema cardíaco que pode ser identificado por meio do eletrocardiograma. Antigamente, o BDAS era chamado de hemibloqueio anterior esquerdo. Hoje, não é mais conhecido por esse termo.

O ramo esquerdo divide-se em dois: fascículo anterossuperior e fascículo posteroinferior. Quando ocorre um bloqueio do anterossuperior, há um BDAS.

No paciente, o ECG com BDAS desencadeia com o eixo elétrico cardíaco desviado para a esquerda, sem haver outra alteração que explique isso. A prevalência pode chegar a 2,5% da população geral e aumenta conforme a idade. Esse bloqueio pode ser causado por IAM; miocardite; doença microangiopatia cardíaca; hipercalemia; cardiomiopatia hipertrófica; cardiomiopatia dilatada.

 

O estímulo elétrico faz o seguinte trajeto: nó sinusal, vias internodais, nó AV, feixe atrioventricular (fibras de Hiss-Purkinje) e ramos direito e esquerdo.  O ramo esquerdo divide-se em dois: um fascículo dirige-se para a porção anterior e sobe a parede cardíaca (fascículo anterossuperior ou BDAS). Outro fascículo dirige-se para a porção posterior e desce para a porção inferior (fascículo posteroinferior).

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BDAS no eletrocardiograma (ECG)

A despolarização muda a forma que a eletricidade atravessa o coração, de modo que o eixo elétrico também é alterado. O eixo normal cardíaco é de -30º a +90º. Na normalidade, uma dessas situações deve ocorrer:

D1 com QRS positivo + AVF com QRS positivo;

D1 com QRS positivo + D2 com QRS positivo.

 

Critérios diagnósticos de BDAS pelo ECG

Todos esses critérios estão de acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre análise e emissão de laudos eletrocardiográficos. Além disso, eles são válidos na ausência de SVD, hipertrofia septal ou infarto lateral:

  • eixo elétrico de QRS ≥ entre -45° e -90º (desvio de eixo para esquerda);
  • rS em D2, D3 e aVF com S3 maior que S2; QRS com duração < 120 ms (desvio de eixo para esquerda, sem bloqueio de ramo  associado);
  • onda S de D3 com amplitude maior que 15 mm ou área equivalente (desvio de eixo para esquerda);
  • qR em D1 e aVL com tempo da deflexão intrinsecoide maior que 50 ms ou qRs com S mínima em D1 (QRS um pouco mais gordinho na primeira metade);
  • qR em aVL com R empastado (desvio de eixo para esquerda); 
  • progressão lenta da onda R de V1 a V3 (ausência de sobrecarga de ventrículo esquerdo);
  • presença de S de V4 a V6 (ausência de sobrecarga de ventrículo esquerdo).
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O que causa um BDAS?

O BDAS ocorre com uma prevalência de 1 a 2,5% da população, enquanto a ocorrência aumenta conforme a idade. Ele está associado a uma série de condições, podendo ser consequência de uma patologia infecciosa, como uma miocardite, ou de patologias fibróticas, como síndrome de Lev Lenegre ou doença de Chagas.

bloqueio divisional anterossuperior pode ser sequela de fechamento cirúrgico do septo interventricular, doença valvar aórtica e hipertensão. Isoladamente, ele não tem significado clínico em um paciente assintomático. Investigação ou tratamento adicional não são recomendados. 

Entretanto, algumas síndromes neuromusculares estão associadas ao BDAS. Nesses casos, o paciente deve ser encaminhado a um cardiologista, pois tem risco de evolução para problemas mais graves de condução. Isso também ocorre caso existam outros bloqueios ou sintomas do bloqueio divisional anterossuperior associados.

Fontes

https://www.medway.com.br/conteudos/bdas-saiba-mais-sobre-o-bloqueio-divisional-antero-superior/

https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/arritmias-card%C3%ADacas-espec%C3%ADficas/bloqueios-de-ramo-e-bloqueio-fasciculares

https://pt.my-ekg.com/bloqueios-ramo/bloqueios-divisionais-esquerdos.html