CAUSAS DE ANEMIA MICROCÍTICA E HIPOCRÔMICA
Considerações iniciais
A anemia microcítica e hipocrômica é caracterizada por:
Microcitose: hemácias (glóbulos vermelhos) menores que o normal (VCM < 80 fL);
Hipocromia: hemácias com menor concentração de hemoglobina, ou seja, palidez central aumentada (CHCM reduzida).
Etiologia
- Deficiência de Ferro
- Talassemias
- Anemia de Doença Crônica
- Anemia Sideroblástica
- Intoxicação pelo Chumbo
- Hemoglobinopatias ( HbC, Lepore)
Achados no hemograma
- Microcitose e Hipocromia
- Reticulocitopenia;
- RDW elevado ( >16% );
- Esfregaço periférico = microcitose, hipocromia, anisocitose, poiquilocitose.
- Células-alvo, células hipocrômicas com aspecto de bastão (cigar cell) e eritrócitos nucleados, se anemia intensa.
Anemia crônica
Mais comum em pacientes hospitalizados; Anemia moderada, bem tolerada; Normocítica normocrômica em 60-70% dos casos, no restante , microcítica hipocrômica. Ferritina sérica e reservas de ferro da MO aumentadas; Capacidade de ligação do ferro diminuída; Hipoferremia: Incorporação desproporcional do ferro à ferritina (reagente de fase aguda); Competição dos microorganismos e processos malignos pelo ferro;
Diagnóstico
- Na anemia da doença crônica os níveis de ferritina e transferrina estão aumentados e o ferro sérico é baixo. Estes exames só são úteis quando não há processo inflamatório presente.
Anemia sideroblastica
Causa pouco comum de anemia hipocrômica;
Produção alterada do componente HEME da Hb; Defeito na produção de Protoporfirina → desequilíbrio entre suprimento de ferro e incorporação no HEME → sobrecarga de ferro nas mitocôndrias.
Eritropoese ineficaz →acúmulo de ferro na MO e anemia hipocrômica concomitante; Hiperferremia; Saturação quase total da transferrina. Eritrócitos são denominados “Sideroblastos em anel”; Distribuição das mitocôndrias em região perinuclear das cél. em desenvolvimento
Diagnóstico: (Exame da MO) Hiperplasia eritróide; Depósito de ferro aumentado; Visualização dos sideroblastos em anel (corados com Azul da Prússia).
Forma adquirida - Associada a fármacos ou toxinas – álcool, chumbo, cloranfenicol, vários agentes antituberculosos. Álcool etílico interfere no metabolismo da piridoxina – coenzima essencial na síntese da porfirina), além disso, é uma toxina mitocondrial.
Forma hereditária Caráter recessivo ligado ao cromossomo X; 9 Moderada hepatoesplenomegalia devido a sobrecarga de ferro; Respondem a Piridoxina
Hb-LEPORE
Produto da fusão cruzada dos genes das globinas δ e γ;
- Mesma mobilidade eletroforética de HbS, em pH alcalino ;
- Heterozigotos têm anemia leve c/ hipocromia e microcitose e 12% dessa Hb
✅ Principais causas de anemia microcítica e hipocrômica:
1. Anemia ferropriva (deficiência de ferro)
👉 Causa mais comum no mundo
Dieta pobre em ferro
Sangramentos crônicos (gastrointestinais, ginecológicos)
Gravidez (aumento da demanda)
Doenças parasitárias (ex: ancilostomíase)
👉 Microcitose e hipocromia desproporcionais à anemia
Mais comum em mediterrâneos, asiáticos e africanos
Anemia leve a grave, com VCM muito baixo
Pode haver esplenomegalia
Em estados inflamatórios crônicos (ex: artrite reumatoide, câncer, infecções crônicas)
Inicialmente é normocítica, mas pode evoluir para microcítica
Ferro bloqueado no sistema reticuloendotelial (ferritina normal ou aumentada)
Inibe enzimas da síntese de heme
Microcitose, hipocromia e presença de pontilhado basofílico nas hemácias
Mais comum em crianças expostas ao chumbo
Defeito na utilização do ferro dentro da medula óssea
Ferro se acumula nos eritroblastos
Pode ser congênita ou adquirida (álcool, drogas, mielodisplasia)
ExameFerroprivaTalassemiaDoença crônicaSideroblásticaFerritina↓Normal/↑Normal/↑Normal/↑Ferro sérico↓Normal↓↑TIBC (capacidade total de ligação do ferro)↑Normal↓NormalRDW (variação do tamanho das hemácias)↑NormalNormal/↑↑Eletroforese de HbNormalAlteradaNormalNormalMielograma———Sideroblastos em anel
Se quiser, posso montar um quadro clínico exemplo e sugerir como investigar o caso, ou ainda te dar um fluxograma diagnóstico simplificado. Deseja?
Fonte :
http://www.medicina.ufba.br/educacao_medica/atualizacao/sessao_pediatria/ano_2005/0306/sessao.pdf