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VACINAÇÃO CONTRA HERPES-ZOSTER

Considerações iniciais

A infecção pelo vírus varicela-zoster (VVZ) causa duas doenças clinicamente distintas: varicela (catapora) ou herpes zoster (cobreiro). Ao ter contato com o VVZ pela primeira vez na vida, o paciente desenvolve uma doença chamada varicela, popularmente conhecida como catapora. Esse primeiro contágio pelo vírus ocorre habitualmente durante a infância. Após 1 ou 2 semanas de sintomas, a catapora desaparece espontaneamente, mas o vírus varicela-zoster permanece presente no nosso corpo, escondido em cadeias de gânglios nervosos localizadas próximo à medula espinhal. Enquanto nosso sistema imunológico permanecer forte, ele conseguirá manter o vírus varicela-zoster “adormecido”.

O vírus varicela-zoster pode ficar décadas à espera de uma queda nas defesas do organismo para ter a oportunidade de voltar a se multiplicar. Quando isso ocorre, a reativação do VVZ não provoca um novo quadro de catapora, mas sim uma doença diferente, chamada herpes zóster. Essa doença é caracterizada pelo surgimento de lesões na pele, como manchas avermelhadas e vesículas, que são pequenas bolhas preenchidas com líquido claro. Essas lesões geralmente aparecem no tronco, rosto e pescoço, podendo afetar também os olhos.

A dor é um sintoma muito característico e pode ocorrer até mesmo antes das erupções cutâneas (bolhas). Ela pode interferir no sono, humor e atividades diárias, afetando a qualidade de vida dos pacientes. Além da dor, o herpes-zóster pode levar a complicações, como, por exemplo, a neuralgia pós-herpética, que se refere à dor persistente mesmo após a cicatrização das lesões na pele. Por isso a vacinação é tão importante, pois ela protege o paciente contra a infecção viral e, consequentemente, suas complicações, como a neuralgia pós-herpética.

Tipos de vacina

As vacinas contra o herpes zoster disponíveis no Brasil são a Zostavax e a Shingrix:  

Zostavax

Vacina mais antiga e barata, feita com vírus vivo atenuado. É administrada em dose única.  A Zostavax, fabricada pela MSD, é um imunizante atenuado, ou seja, é feito com uma versão ativa, mas enfraquecida, do vírus. Por isso, ela não é indicada para pessoas imunossuprimidas. Sua eficácia contra o herpes-zóster é de 51%. A Zostavax já foi descontinuada.  

Shingrix

Vacina mais nova, mais cara e mais eficaz, feita com uma proteína do vírus da varicela zoster e o adjuvante AS01B, um imunizante recombinante inativado, ou seja, é feito apenas com uma proteína do vírus (glicoproteína E) em combinação com o adjuvante AS01. Em outras palavras, essa vacina não contém o vírus ativo em sua composição. Por isso, pode ser administrada em pessoas imunocomprometidas. Sua eficácia contra o herpes-zóster é de 91%. É administrada em duas doses, com intervalo de dois a seis meses entre elas. 

Esquema de doses:

Zostavax  - A vacina atenuada é administrada em dose única, de forma subcutânea.

Shingrix - Já a vacina recombinante inativada é administrada em duas doses, com intervalo de dois meses entre elas, de forma intramuscular.

Quem já tomou a dose da vacina antiga pode tomar a vacina nova. Isso vale para quem já teve herpes-zóster anteriormente. Porém, quem nunca teve  catapora deve receber, primeiro, a vacina varicela, que pode ser administrada em crianças a partir de 12 meses.

Local de aplicação:

Intramuscular.

Cuidados antes, durante e após a vacinação:

Algumas precauções devem ser adotadas na vacinação de imunocomprometidos a partir de 18 anos:

  • Transplantados de medula óssea: iniciar o esquema de seis a 12 meses após o transplante;
  • Receptores de transplantes de órgãos sólidos: vacinar preferencialmente antes do transplante, podendo ser adotado o intervalo mínimo de quatro semanas entre as doses. Se não for possível, aguardar de seis a 12 meses após o transplante, de preferência após redução na dose de drogas imunossupressoras e na ausência de doença do enxerto contra hospedeiro (rejeição);
  • Pacientes com câncer: vacinar preferencialmente antes do início da quimioterapia, tratamento com imunossupressores, radioterapia ou esplenectomia. Se inviável, avaliar melhor momento, quando a imunossupressão mais intensa tiver cessado;
  • Pacientes em uso de anticorpos monoclonais (anticélulas B, como rituximab, por exemplo): iniciar esquema pelo menos quatro semanas antes da próxima dose do anticorpo;
  • Pacientes vivendo com HIV/Aids: pacientes em pior estado imunológico e HIV devem ser vacinados, ainda que a resposta seja pior. Cabe ao médico avaliar o momento mais oportuno para a vacinação;
  • Pacientes com doenças autoimunes: preferencialmente, administrar a vacina antes de iniciar imunossupressão mais agressiva.

Observações:

  • Não há experiência de uso em gestantes e lactantes, portanto, a vacinação não está recomendada como rotina para esses grupos. Entretanto, uma vez que a vacina é inativada, não há risco teórico para a mulher ou seus bebês.
  • Estudos demonstraram segurança e ausência de interferência na resposta vacinal na aplicação simultânea com as vacinas influenza, pneumocócicas e tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa).
  • Pessoas em uso de antivirais como aciclovir, famciclovir ou valaciclovir podem receber a vacina durante o tratamento.
  • Não há recomendação de intervalo específico para vacinação de pessoas que tiveram episódio agudo de herpes-zóster. A SBIm sugere intervalo de seis meses, mas o período pode ser encurtado para evitar perda de oportunidade de vacinação.
  • A eficácia da vacina inativada é superior à da vacina atenuada. Pessoas que já receberam a vacina atenuada podem receber a inativada caso desejem aumentar a proteção, desde que aguardem dois meses após a última dose da atenuada. É importante ressaltar, no entanto, que o benefício só será alcançado com duas doses da vacina inativada. A vacinação prévia com a vacina atenuada não deverá ser considerada como primeira dose do esquema.

Efeitos e eventos adversos:

De acordo com os ensaios pré-licenciamento, os eventos adversos mais frequentes foram dor no local da injeção (68,1% dos vacinados); mialgia (em 32,9%); fadiga (3,0%); cefaleia (26,3%). A maioria teve intensidade leve a moderada e melhorou em até dois ou três dias. As reações relatadas como severas duraram de um a dois dias.

O perfil de segurança em imunocomprometidos a partir de 18 anos foi semelhante ao observado em adultos a partir de 50 anos sem imunocomprometimento. Os dados de segurança em adultos entre 18 e 49 anos com risco aumentado para herpes-zóster, mas sem imunodepressão (diabéticos, por exemplo) ainda são limitados.

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Shingrix - é a vacina referência no momento, em relação aos questionamentos do uso da mesma temos :

Quem deve tomar a vacina contra o herpes-zóster e em que idade?

vacina contra o herpes-zóster é amplamente recomendada pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) para todas as pessoas maiores de 50 anos, além das pessoas apresentam condição de imunossupressão e tenham mais de 18 anos.

 

A vacinação previne o herpes labial ou outras formas de herpes?

A vacina contra o herpes-zóster não foi elaborada especificamente para prevenir o herpes labial ou outras formas de herpes simples. Ou seja, a vacina contra o zóster visa prevenir o desenvolvimento apenas de doenças causadas pelo vírus varicela-zóster.

Crianças que foram vacinadas contra a catapora têm menos chance de desenvolver o herpes-zóster. Por isso, da importância da vacina contra o vírus da catapora no período de infância.

 

Quais são os efeitos colaterais?

Assim como qualquer vacina, os efeitos colaterais geralmente são leves e transitórios e podem ser observados em forma de reações no local da aplicação como vermelhidão, dor, inchaço e coceira no local. Além disso, também podem ocorrer dor de cabeça, mal-estar, calafrios, dor muscular, febre e dor nas articulações.

 

A vacina é eficaz em pessoas que já tiveram herpes-zóster no passado?

A vacina é indicada e eficaz mesmo para quem que já teve a doença no passado. Nesse caso, deve-se aguardar um intervalo de 3 a 6 meses entre o quadro agudo e a aplicação da vacina.

 

A vacina pode ser aplicada em conjunto com outras vacinas?

Sim, geralmente é possível administrar a vacina contra o herpes-zóster junto com outras vacinas. No entanto, é sempre recomendado consultar um profissional de saúde para receber as orientações específicas sobre o cronograma de vacinação e possíveis interações entre as diferentes vacinas.

 

Pessoas com sistema imunológico enfraquecido podem receber a vacina?

Sim. O ideal é sempre ter a avaliação de um profissional de saúde da sua confiança.

 

Quais são as contraindicações?

Há restrições para a aplicação do produto nas seguintes condições:

Gestação;

Hipersensibilidade grave (reação anafilática) a qualquer componente da vacina, incluindo gelatina e neomicina;

Vigência de febre e/ou processo infeccioso agudo, embora se trate de restrição relativa, devendo ser avaliada no momento da aplicação.

 

Por que a vacinação contra o herpes-zóster é especialmente importante em idosos?

A doença é uma reativação do vírus varicela-zóster, causada em situações de estresse ou baixa imunidade. Após os 50 anos de idade o sistema imunológico passa a responder de maneira menos eficaz, motivo pelo qual a reativação do vírus é mais comum nos idosos.

 

A vacina contra herpes zóster interage com medicamentos?

Não há interações com medicamentos.

 

A vacina de herpes zóster é segura para quem tem imunidade baixa?

Indivíduos com imunidade comprometida são especialmente incentivados a se vacinar, visto que o risco da doença é maior nesse grupo.

 

A vacina contra herpes zóster é recomendada para pessoas que nunca tiveram catapora?

Pode ser sim utilizada nessa situação.

 

É necessário receita médica para vacinar-se contra herpes zóster?

Segundo a Anvisa, vacinas extras ao Programa Nacional de Imunizações devem ser prescritas por um médico.

 

Existem recomendações dietéticas ou de estilo de vida para aumentar a eficácia da vacina contra herpes

zóster?

Não. Não é necessária qualquer alteração nos hábitos de vida.

 

Qual a idade recomendada para receber a vacina de herpes zóster?

Recomenda-se a vacinação para indivíduos a partir dos 50 anos, embora pessoas com condições de saúde específicas possam se beneficiar a partir dos 18 anos.

 

Há algum risco de transmitir o vírus para outras pessoas após a vacinação?

Não. Como a vacina é não viva, esse risco não existe.

 

Existem atividades que devem ser evitadas após a vacinação de herpes zóster?

Recomenda-se repouso da área de aplicação, mas não há restrições de atividades gerais.

 

Pessoas com sistema imunológico comprometido podem tomar a vacina contra herpes zóster?

Podem e aliás, são prioridades para vacinar, já que a doença pode ser mais grave nessa situação.

 

É seguro viajar após receber a vacina de herpes zóster?

Viagens não são restritas após a vacinação.

 

A vacina contra herpes zóster pode ser administrada a pessoas com alergias graves?

Não, ela não deve ser aplicadas a pessoas que possuam alguma alergia ao componente da vacina. Outas alergias não contraindicam a vacina.

https://www.fleury.com.br/noticias/vacina-herpes-zoster#:~:text=A%20vacina%20%C3%A9%20eficaz%20em,e%20a%20aplica%C3%A7%C3%A3o%20da%20vacina.

https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-herpes-zoster-recombinante-inativada

https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/vacina-herpes-zoster/