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Sinéquia dos pequenos lábios

 

Como o nome já diz (do grego synechia, significa “aderência”), a sinéquia vaginal ocorre quando os pequenos lábios ficam aderidos, “grudados”. A fusão labial (FL) consiste na aderência dos bordos internos dos pequenos lábios sobre o introito vaginal, formando-se na linha mediana uma membrana translúcida que obstrui parcial ou completamente o canal vaginal. Existem outras denominações para esta alteração clínica tais como adesão, coalescência e aglutinação dos pequenos lábios, sinéquias vulvares ou fusão vulvar.

 

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Figura 1 - Aspecto externo vulvar, na imagem da esquerda normal, e na direita, com sinéquia na parte inferior vulvar

 

Geralmente assintomática, a FL é habitualmente constatada durante a higiene íntima dos genitais da criança ou durante a consulta de pediatria.

 

Geralmente assintomática, a FL é habitualmente constatada durante a higiene íntima dos genitais da criança ou durante a consulta de pediatria.

Algumas manifestações clínicas podem estar presentes, nomeadamente dificuldade na micção e retenção de urina na vagina causando vulvovaginites de repetição, cistites, pielonefrites, pseudoincontinência urinária, disúria e prurido.

 

EPIDEMIOLOGIA

A FL é uma condição clínica comum ocorrendo em 0,6%-5% das meninas pré-púberes, apresentando um pico de incidência entre os 12-24 meses de idade, acometendo até os 10 anos.

 

CAUSA

A causa desta aderência ainda não é conhecida, mas está relacionada a baixa produção de estrogênio, pois a sua falta determina uma maior vulnerabilidade a má cicatrização da região. Ainda podem ser destacadas como causas secundárias as infecções crônicas por higiene inadequada, traumas leves na região ou dermatites causadas pela fralda ou pela calcinha, o que pode determinar pequenas feridas locais e favorecer a aderência.

Outra causa está associada às características anatômicas locais. Os pequenos lábios das meninas são internos, diferentemente dos das mulheres adultas, mais exteriorizados. Esta característica também facilitaria a sinéquia vaginal.

 

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Diagnóstico diferencial

» Genitália ambígua, Líquen escleroso, Inflamação devido ao abuso sexual infantil, penfigóide cicatricial infantil (Raro).

 

 

CONSEQUÊNCIAS

A aderência pode levar a infecções e retenção de urina causando dor, mau cheiro, corrimento e irritação da pele da genitália da

criança. Em casos mais específicos podem ocorrer infecções urinárias de repetição, sendo o diagnóstico precoce de grande importância.

Os pais normalmente têm dificuldade para identificar o problema, porque o tamanho da sinéquia vaginal é variável. Geralmente o diagnóstico é feito pelo pediatra da criança no exame clínico inicial ou mais tardiamente.

 

Tratamento

1. Base de hormônio - estrogenio

O tratamento é simples, mas será efetivo se as orientações médicas forem seguidas rigorosamente. Costumam ser indicados cremes à base do hormônio estrogênio, que ajudam a desprender os lábios vaginais. A pomada deve ser usada com supervisão médica, pois o hormônio pode ser absorvido e, em doses ou períodos maiores do que os recomendados, pode gerar uma pseudopuberdade precoce, caracterizada por pigmentação e aparecimento de pelos na genitália.

Os estrogénios tópicos devem ser aplicados sobre a membrana, delicadamente e em camada muito fina, duas vezes ao dia, durante 2-4 semanas. Será importante para o processo de separação que se faça durante a aplicação do creme uma pequena tração ou pressão sobre a membrana aderente. As trações intempestivas sobre a membrana com a inabilidade de realizar a separação manual das aderências deverão ser evitadas pela experiência dolorosa e traumática que acarretam. Outros autores recomendam tratamentos mais prolongados, entre 4-12 semanas, exceto se a separação dos pequenos lábios ocorrer antes.

Os pais devem ser alertados acerca dos possíveis efeitos secundários dos estrogénios como pigmentação da região genital, a congestão dos pequenos lábios, ingurgitamento mamário, hipertricose e hemorragia vaginal. Esses efeitos desaparecem em menos de dois meses após a suspensão do tratamento

Opções mais usadas – Premarin creme vaginal (0,625mg/g) ou Ovestrion creme vaginal (0,1mg/g)  ou Stele (0,1mg/g) creme vaginal ou manipulação

 

2. Medidas gerais e higiene

 Para consolidar o tratamento e evitar as recorrências, deverá manter-se uma boa higiene genital mesmo após a separação dos pequenos lábios. Existem dois elementos fundamentais na instituição de higiene vulvar: a remoção de substâncias irritantes e a instituição de práticas saudáveis de higiene vulvar. Essas práticas irão promover hábitos saudáveis de higiene ao longo da vida e dessa forma prevenir vulvovaginites. Desta forma, preconiza-se a remoção de agentes nocivos e/ou irritantes aquando da higiene íntima infantil, evitar de roupas apertadas e a utilização de roupa interior em algodão.

Nas situações de crianças que usam fralda, esta deverá ser trocada de forma mais frequente de modo a evitar o contato prolongado com a urina e as fezes. Relativamente à higiene íntima infantil, esta deve ser realizada pelo menos duas vezes por dia, antes da aplicação tópica dos estrogénios. A criança deve fazer banhos de assento, durante 10 a 15 minutos, com água limpa. A acumulação de sebo (combinação de células epiteliais com óleos e gordura) entre as pregas labiais deve ser removido com produtos de higiene de pH neutro, da frente para trás. A vulva deve-se secar de forma suave com toalha de algodão, sem esfregar, ou se possível deixar secar ao ar. Quando da micção, a criança deve urinar com as pernas separadas, inclinando-se para a frente de forma a minimizar a quantidade de urina retida na vagina. Após urinar ou defecar, a criança deve sempre limpar-se da frente para trás, no sentido de minimizar a contaminação da vulva e da vagina com microrganismos entéricos.

 

3.Emolientes gorduroso - vaselina

Alguns autores recomendam manter a aplicação de um emoliente gorduroso (por exemplo a vaselina), duas vezes por dia, em vez do creme de estrogénios

 

4. Corticoides

A utilização terapêutica de corticosteroides tem sido sugerida por vários estudos. Os efeitos dos corticosteroides no processo inflamatório são bem conhecidos. O sucesso do tratamento com betametosona na FL ajuda a perceber a influência da relação dos estrogénios com a formação de adesões labiais, assim como o processo inflamatório em si. A eficácia (entre 67% e 95%) e a segurança da utilização do creme de betametasona a 0.05% na fimose fisiológica, sugeriu a sua utilização na FL. Os eventuais efeitos secundários da betametasona são eritema, foliculite, prurido, formação de vesículas na pele, crescimento de pelo fino e atrofia da pele

 

TRATAMENTO CIRÚRGICO

A cirurgia, indicada com cautela e após avaliação ginecológica, é necessária apenas nos casos de aderências muito acentuadas. Na maioria dos casos a cirurgia não é indicada, pois o trauma cirúrgico pode criar uma nova sinéquia vaginal, cicatricial, mais grossa e fibrosa.

 

 

 

 

Fontes

http://www.vidadegestanteemae.com.br/sinequia-vaginal-sera-que-sua-filha-tem/

http://www.fspog.com/fotos/editor2/2012-4artigo_de_revisao_3.pdf

https://fernandobraganca.com.br/2016/04/09/sinequia-vaginal-a-fimose-feminina/

http://www2.ebserh.gov.br/documents/214336/1105792/Cap%C3%ADtulo-11-SIn%C3%A9quias-Labiais.pdf/fc251d2b-3c20-4c7e-a865-d9c65cc39e50

https://cirurgiapediatricacuritiba.wordpress.com/duvidasfrequentes/outros/sinequias-de-pequenos-labios/