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NEOPLASIA ENDÓCRINA MÚLTIPLA 1 (MEN1)

 

Também denominada de Síndrome de Wermer, a MEN1 consiste numa combinação de tumores a nível das paratiróides, do pâncreas endócrino e da hipófise anterior. Existem outras manifestações, não tão comuns, mas podem fazer parte do quadro, tais como: tumores adrenocorticais, carcinóides, angiofibromas faciais, colagenomas e lipomas.

O diagnóstico de MEN1 requer a presença de duas das três manifestações mais comuns. O de MEN1 familiar requer a existência de um caso de MEN1 e a presença de pelo menos uma das três manifestações mais frequentes, num familiar em primeiro grau. Podem existir casos atípicos, como membros de uma família com uma ou mais manifestações menos comuns.

É um síndroma autossómica dominante, com penetrância quase completa, cujo gene está localizado no cromossoma 11 (11q13). Já foram identificadas mais de 300 mutações, de diversos tipos e dispersas na região codificadora, não existindo uma correlação entre genótipo e fenótipo.. Quando não existe história familiar, estamos perante um caso de MEN1 esporádico, que resultou de uma mutação de novo. Existem algumas variantes conhecidas, nomeadamente a de Burin, que associa prolactinomas, carcinóides e hiperparatiroidismo (HPT), mas raramente tumores pancreáticos.

 

A MEN1 é rara, com uma incidência aproximadamente de 0,25%. Entre os casos de HPT primário, a MEN1 tem uma incidência de 1-18%, nos gastrinomas de 16-38%, e é inferior a 3% nos casos de tumores hipofisários. Atinge mtodas as faixas etárias, particularmente dos 5 aos 81 anos e as manifestações clínicas desenvolvem-se, em 80% dos casos, aos 50 anos.

 

Manifestações clínicas

As manifestações clínicas estão relacionadas com o órgão afetado e resultam do tamanho do tumor (efeito massa), da produção hormonal e do potencial de malignidade.

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I.Hiperparatireoidismo primário (HPT)

O HPT primário é a manifestação mais comum e precoce, com uma incidência de 80-100%, aos 40 anos. Geralmente são assintomáticos, mas podem apresentar nefrolitiase, úlceras pépticas e osteíte fibrosa cística. O rastreio bioquímico, faz-se pela determinação do cálcio sérico (de preferência ionizado) e hormônio paratiroideo (PTHi). A ecografia pré-operatória e o cintilografia com Tc99m-sestamibi, isolados ou em combinação, também podem ser úteis.

Exames :                                                                

Cálcio sérico (de preferência ionizado)

PTHi

Ecografia pré-operatória

Cintilografia com Tc99m-sestamibi, isolados ou em combinação

 

Geralmente nos doentes MEN1, as três ou mesmo as quatro paratiróides estão afetadas, pelo que é recomendada uma abordagem cirúrgica invasiva. A técnica mais usada é a paratiroidectomia subtotal com timectomia ou a paratiroidectomia total com autotransplante de tecido paratiroideo no antebraço.

 

II. Rastreio dos tumores enteropancráticos

O rastreio dos tumores enteropancreáticos baseia-se na determinação da glicemia em jejum, gastrina, insulina, proinsulina e cromogranina A séricas. Quando estes doseamentos estiverem alterados, deverão ser repetidos e a investigação poderá incluir a prova de jejum prolongado o teste de estimulação com secretina13. No entanto, deverá realizar-se uma tomografia axial computadorizada (TAC) ou ressonância magnética (RM) e, eventualmente, uma ecografia endoscópica, para confirmação.

 

Exames investigação

Glicemia em jejum, gastrina, insulina, proinsulina e cromogranina A séricas.

Prova de jejum prolongado o teste de estimulação com secretina.

Tomografia computadorizada ou ressonância magnética (RM) de abdome, uma ecografia endoscópica

 

II.1. Gastrinoma

O gastrinoma é o tumor gastroenteropancreático neuroendócrino mais comum. Geralmente ocorre em doentes aos 50 anos, frequentemente pequeno (inferior a 0,5 cm), múltiplo, metastático e localizado no duodeno. O diagnóstico baseia-se na combinação de níveis elevados de gastrina e ácido gástrico.

 

II..2. sulinomas

Os insulinomas ocorrem em 10-35% dos casos e em 10% associados a gastrinomas. Os doentes desenvolvem sintomas de hipoglicemia após o jejum ou exercício que resolvem com a ingestão de hidratos de carbono. O diagnóstico baseia-se na combinação de hipoglicemia e valores de insulinemia elevados (bem como de peptideo C e proinsulina).

 

II. 3, Tumores não funcionantes

No caso de tumores não funcionantes, alguns grupos defendem a cirurgia quando o tumor é superior a 3 cm ou quando evidenciam crescimento, enquanto outros a recomendam nos tumores com tamanho superior a 1 cm

 

III. Tumores da hipofise.

Os tumores da hipófise anterior constituem a manifestação inicial em 25% dos casos esporádicos e <10% nos familiares. A sua prevalência varia entre 10 e 60%. O mais comum é o prolactinoma (10-50%), seguido do somatotrofinoma (produtor de GH) e em número significativo são não funcionante.

Quanto ao rastreio deste tipo de tumores, a determinação dos valores de prolatina, IGF1 e as técnicas imagiológicas (RM) são suficientes Como já foi referido, existem outras manifestações possíveis, tal como tumores adrenocorticais (geralmente bilaterais e não funcionantes), lipomas cutâneos e viscerais, carcinóides (os brônquicos são mais frequentes na mulher e os tímicos no homem), etc.

 

Fontes:

http://rihuc.huc.minsaude.pt/bitstream/10400.4/868/1/Multiple%20endocrine%20neoplasia.pdf