Logo da rainha Queen Med, dominando os sites médicos, conhecimento

TRATAMENTO DO MOLUSCO CONTAGIOSO (MC)

Considerações iniciais

As lesões geralmente se resolvem espontaneamente, mas anos podem passar até que a extinção completa da infecção ocorra. Por este curso imprevisível, a necessidade de tratamento ativo em pacientes com MC é controversa. Para crianças imunocompetentes com MC, o tratamento é opcional. Nas crianças, o tratamento é opcional, visto que essas lesões tendem a regredir espontaneamente ao longo do primeiro ano. Contudo, as vantagens de fazer o tratamento são a limitação da disseminação do quadro, além de aliviar sintomas como prurido.Em geral, adolescentes e adultos com lesão em área genital devem ser tratados para evitar a disseminação sexual da doença.

O tratamento também é indicado para indivíduos imunocomprometidos, nos quais as infecções podem se tornar graves e persistentes. É consenso indicar tratamento nos pacientes com doença extensa, complicações secundárias (infecção bacteriana, dermatite perimolusco e conjuntivite) ou queixas estéticas. É importante conscientizar os pais e responsáveis sobre o curso esperado da doença sem tratamento e os potenciais efeitos adversos de cada opção de tratamento.

Vale ressaltar que os métodos destrutivos e agentes tópicos não devem ser utilizados em lesões localizadas na mucosa ocular ou pálpebras, e pacientes com lesões oculares sintomáticas devem ser encaminhados ao oftalmologista. As vantagens em tratar as lesões de MC incluem a diminuição do tempo de resolução, redução do risco de auto inoculação e de transmissão, redução do estresse psicológico dos pais e pacientes, prevenção de cicatrizes que podem resultar de lesões anteriormente inflamadas, traumatizadas ou secundariamente infectadas.

Além disto, o tratamento de crianças infectadas diminui a disseminação do vírus para outras crianças e isso é importante quando consideramos o convívio em creches e ambientes de recreação coletiva. Medidas gerais devem ser recomendadas aos pacientes e familiares para evitar a disseminação do VMC. Recomenda-se não coçar as lesões, não compartilhar utensílios de banho, piscina ou banheira.

A decisão de tratar ou não as lesões de MC deve ser avaliada individualmente e discutida com os pais, levando em consideração o curso autolimitado, a natureza benigna da doença e os riscos de transmissão e complicações. É responsabilidade dos pais executar medidas que diminuam o risco de transmissão de MC. Não é necessário afastar as crianças da creche, escola, ou das atividades esportivas de contato, pois as lesões cobertas (por roupas ou curativos) não são transmissíveis. Esponjas de banho não devem ser compartilhadas, e o banho coletivo deve ser evitado até que o tratamento seja efetivo.

 

Alternativas terapêuticas

Existem várias alternativas terapêuticas disponíveis, entre elas medidas mecânicas, químicas, imunomoduladores e antivirais, mas ainda faltam evidências para se definir a melhor terapia.

 

MÉTODOS MECÂNICOS

Curetagem

Afim de reduzir a dor dos procedimentos está indicada a aplicação de anestésicos tópicos (30 minutos a 1 hora antes). A curetagem é um método eficaz que consiste na remoção mecânica das lesões de MC. Pode ser realizada com uma cureta  ou com punch (material utilizado para a realização de biópsias).

A resolução é imediata, por isso é o método de escolha para o tratamento do MC. Após a curetagem, o iodo povidona tópico pode ser aplicado pois existem relatos de que este antisséptico potencializa o efeito de outros tratamentos. A curetagem pode causar dor, sangramento e cicatrizes.

Crioterapia

Entre os métodos mecânicos, a crioterapia utiliza nitrogênio líquido aplicado com cotonete ou por um pulverizador portátil (menos indicado pelo risco de deixar cicatriz). São realizados um ou dois ciclos de 10 a 20 segundos, semanalmente. É procedimento bem tolerado em adolescentes e adultos; entretanto, a dor pode limitar seu uso em crianças. As desvantagens da crioterapia incluem a possibilidade de bolhas, cicatrizes e hipo ou hiperpigmentação pós-inflamatória.

 

MÉTODOS QUÍMICOS

Os métodos químicos destroem as lesões de MC por meio da resposta inflamatória que produzem.

Hidróxido de potássio

O hidróxido de potássio (KOH) é um composto alcalino que dissolve a queratina. É indicado em concentrações e esquemas terapêuticos que variam de 5% (aplicado pelos pais dos pacientes) a 20% (aplicado pelo profissional médico), duas vezes ao dia ou em dias alternados durante 1 semana ou até que a inflamação se desenvolva. A aplicação de KOH pode causar sensações de ardor ou queimação, efeito adverso diretamente proporcional à concentração de KOH utilizada na aplicação. Também pode ocorrer eritema intenso e crostas nas lesões, além de hipocromia pós- -inflamatória.

Deve-se orientar  a aplicação de uma pequena quantidade do produto, com palito de dente envolto com algodão ou cotonete, pontualmente nas lesões, uma ou duas vezes ao dia até irritação local (eritema e formação de crostícula), em geral utilizado por cerca de 2 até 6 semanas. Deve-se orientar cuidado para não aplicar na pele sadia, perilesional. Pode haver sensação de ardência e irritação após a aplicação e discromia pós-inflamatória. Para pacientes com ardência excessiva, com fototipos IV a VI ou com lesões faciais, sugere-se reduzir a concentração de KOH para 5%.

Podofilotoxina

Podofilotoxina é um agente antimitótico utilizado a 0,5% em solução ou gel, mas as suas segurança e eficácia no tratamento do MC não foram estabelecidas, principalmente em lactentes. As aplicações podem causar eritema local, queimação, prurido, inflamação e erosões.

Tretinoina tópica

Se for optado pelo tratamento com tretinoína (0,05% creme ou 0,1% creme ou 0,025% gel), orientar aplicar nas lesões, em dias alternados, e aumentar gradativamente a frequência do uso, e/ou a concentração, conforme a tolerância (podendo chegar a 2 vezes por dia). A aplicação deve ser suspensa quando ocorrer eritema. Xerose e irritação são efeitos adversos comuns e esperados. 

Alternativamente pode ser aplicada a combinação de ácido salicílico 14-20% + ácido lático 13-16% em solução ou colódio, industrializado ou sob manipulação, pontualmente nas lesões, 1 vez ao dia, até irritação local ou até seis semanas, cuidando a pele perilesional. Não deve ser utilizada em lesões faciais. Os efeitos adversos são mais comuns com essa opção e  incluem eritema, irritação, ardência e formação de crostículas. Tanto a tretinoína como o ácido salicílico nessas concentrações são contra-indicados na gestação. 

 

Algumas alternativas : Tretinoína (0,05% creme ou 0,1% creme ou 0,025% gel): industrializado ou sob manipulação;

associação tópica de ácido salicílico 14-20% e ácido láctico 13-16%: industrializado (P. ex.: Calotrat®, Duofilm®, Kalicid®, Kalloplast®, Verrux®) ou sob manipulação;

 

MÉTODOS IMUNOMODULADORES 

Os métodos imunomoduladores estimulam a resposta imune do paciente contra a infecção.

Imiquimod

O imiquimod é um agonista do agente imunoestimulador do receptor toll-like 7 que ativa as respostas de imunidade inata e adquirida, induzindo a produção local de citocinas pró-inflamatórias. Tem mostrado boa resposta no tratamento de MC refratário grave em pacientes imunocomprometidos, no entanto, estudos randomizados em pacientes imunocompetentes não demonstraram benefício significativo desta terapia.

Pode produzir efeitos adversos no local da aplicação, como dor, eritema, prurido, bolhas, cicatrizes e alterações pigmentares.

O imiquimod deve ser aplicado à noite, e retirado pela manhã, três dias na semana.

Cidofovir

Pacientes imunossuprimidos com doença extensa ou refratária podem ser tratados com cidofovir. Pode ser utilizado na concentração de 1% a 3% por via tópica ou por via intravenosa, entretanto pode ser nefrotóxico. Irritação local e erosões cutâneas dolorosas podem ocorrer após a aplicação tópica.

Antiretrovirais no HIV

Em pacientes infectados pelo HIV, há relatos de lesões recidivantes de MC que se resolveram após o início da terapia antirretroviral.

Casos com indicação de encaminhamento ao dermatologista:

lesões em paciente imunocomprometido, refratária ao tratamento clínico por pelo menos 1 mês ou com progressão rápida no número de lesões; 

lesões em paciente imunocompetente, refratária ao tratamento clínico por pelo menos 3 meses;

lesões perioculares;

lesões faciais em adultos.

 

Fontes

https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22471c-DC_-_Dermatoviroses_-_Verrugas_e_Molusco_Contagioso.pdf

https://www.ufrgs.br/telessauders/perguntas/qual-o-tratamento-para-molusco-contagioso/

https://www.sanarmed.com/molusco-contagioso-o-que-e-manifestacoes-clinicas-e-manejo-resmed

https://www.cuf.pt/saude-a-z/molusco-contagioso