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HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO - DIAGNÓSTICO

 

 

Hiperaldosteronismo primário (HP) é um grupo de desordens em que a produção de aldosterona está inapropriadamente elevada, relativamente independente do sistema renina-angiotensina e não supressível pelo aporte de sódio. Essa inapropriada produção de aldosterona causa dano cardiovascular, supressão de renina plasmática, hipertensão, retenção de sódio, e excreção de potássio que se prolongada e severa pode levar à hipocalemia.

O HP é comumente causado por um adenoma adrenal, por hiperplasia adrenal unilateral ou bilateral, ou em raros casos por alterações genéticas como no hiperaldosteronismo supressível por glicocorticoide. Com uma prevalência atual maior que a previamente descrita por Conn, o HP está presente em mais de 10% (1,4% a 32%) dos pacientes hipertensos,sendo mais prevalente em pacientes com hipertensão de difícil controle.

 

HIPERTENSAO ARTERIAL

Hipertensão não controlada não é sinônimo de hipertensão arterial resistente. As principais causas do não controle dos níveis de pressão arterial são a má aderência pelo paciente ou o tratamento inadequado imposto pelo médico. A presença de hipertensão arterial resistente e hipocalemia remete ao hiperaldosteronismo primário como principal hipótese diagnóstica

 

HIPOCALEMIA

A forma mais comum de hipocalemia é a causada pelo uso de diuréticos. Quando a hipocalemia está associada à hipertensão resistente, pode ser um indício diagnóstico para hiperaldosteronismo primário, assim como a manutenção da hipocalemia após a retirada do diurético.

 

A prevalência de hipocalemia no hiperaldosteronismo primário varia de 9% a 37%. A hipocalemia pode ser uma manifestação tardia da doença e sua ausência não deve excluí-la.  

Somente uma minoria dos pacientes com HP (9% a 37%) manifestará hipocalemia , sendo esta presente provavelmente nos casos de diagnóstico mais tardio. 

 

DIAGNOSTICO

O rastreamento do HP deve ser realizado em todo hipertenso com hipocalemia espontânea ou provocada por diuréticos, em hipertensos resistentes aos tratamentos habituais e em hipertensos com tumor abdominal .O diagnóstico de hiperaldosteronismo primário deve ser feito mediante investigação laboratorial e por métodos de imagem, principalmente tomografia computadorizada de abdome (TC) e ressonância magnética.

 

RELAÇÃO ALDOSTERONA PLASMATICA/ATIVIDADE DE TENINA

Como exame de triagem, quando o paciente tem suspeita clínica de hiperaldosteronismo, devem-se dosar aldosterona plasmática e atividade de renina plasmática.

O aumento na relação aldosterona plasmática (ng/dl)/atividade de renina plasmática (ng/ml/h) (RAR) deve ser usado para detectar casos de HP neste grupo de pacientes.

 

De acordo com as V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, o encontro de RAR ≥ 30 com aldosterona sérica > 15 ng/dl é sugestivo de HP, necessitando de prosseguimento na investigação.

Uma relação aldosterona plasmática (ng/dL)/atividade da renina plasmática (ng/mL/h) maior que 25 tem sensibilidade de 95% e especificade de 75%.

 

 

ALDOSTERONA PLASMATICA

A confirmação do caso deve ser feita com a medida da aldosterona plasmática após aporte oral ou infusão de sódio, após supressão com fludrocortisona ou após administração de captopril. Para a realização dessas dosagens, o potássio sérico deverá estar normal idealmente por 4 semanas, com suplemento oral se necessário.

A grande limitação é a variação circadiana da secreção de aldosterona e a interferência que outras drogas podem causar.

 

IMAGEM

 

Quando confirmado o diagnóstico, o paciente com HP deverá realizar tomografia computadorizada (TC) idealmente com cortes finos (< 3 mm) ou ressonância magnética, para diferenciar hiperplasia de adenoma e para excluir grandes massas que podem representar um carcinoma adrenocortical.

Após a triagem a TC de abdome usada para identificar possíveis tumores produtores de aldosterona ou hiperplasia adrenal. A tomografia computadorizada contrastada de abdome com cortes finos só deve ser utilizada após confirmação bioquímica de hiperaldosteronismo, na tentativa de identificar tumores potencialmente produtores de aldosterona e evitar possíveis falsos-positivos, em virtude do grande número de incidentalomas na população geral (em torno de 10%). A sensibilidade da TC é de 90%.

Os adenomas na TC de abdome sem contraste têm baixa atenuação, enquanto os carcinomas têm alta atenuação. Na TC de abdome com contraste, os adenomas têm rápida eliminação do contraste, enquanto os carcinomas têm lenta eliminação.

O uso da ressonância magnética de abdome não adiciona mais informações que o uso da TC apenas. Os exames de imagem devem ser repetidos a cada 12 meses.

A cintilografia com NP-59 iodocolesterol, muitas vezes não disponível na rotina, é útil para distinguir adenoma de hiperplasia. Em grandes centros de referência, seu uso pode chegar a uma acurácia diagnóstica semelhante à da coleta seletiva de adrenais (perto de 90%), especialmente com tumores maiores que 1,5 cm.

O resultado das imagens pode melhorar com uso prévio de dexametasona ao exame.

 

A distinção entre doença bilateral ou unilateral das adrenais é importante, pois adrenalectomia laparoscópica unilateral é o tratamento recomendado em pacientes com adenoma produtor de aldosterona ou hiperplasia unilateral de adrenais e resulta em normalização da hipocalemia em todos os casos, sendo a hipertensão melhorada na maioria dos pacientes e curada em 30% a 60% destes.

Naqueles em que o tratamento cirúrgico é praticável e desejado, essa distinção deve ser feita pela cateterização venosa adrenal.

 

 

EXA,ME INVASIVO

A coleta seletiva das veias adrenais é fundamental para a diferenciação entre causa unilateral ou bilateral de hiperaldosteronismo primário. A coleta seletiva é tecnicamente difícil, particularmente na cateterização da veia adrenal direita. Alguns autores sugerem que a adrenalectomia pode ser indicada, em alguns casos, sem coleta seletiva em pacientes com hiperaldosteronismo confirmado laboratorialmente e que apresentam imagem sugestiva de adenoma unilateral de glândula adrenal pela TC, assim como em pacientes com tumores maiores que 3 a 4 cm com alta atenuação, em razão do maior risco de malignidade. Adenomas com diâmetro maior que 4 cm têm 90% de sensibilidade para carcinoma adrenal, porém têm baixa especificidade. Alguns especialistas recomendam a ressecção da massa quando o diâmetro for maior que 6 cm, levando em consideração as características da massa e a idade do paciente.

 

http://www.scielo.br/img/revistas/jbn/v32s1/a09fig01.jpg

Figura - http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-28002010000500009&script=sci_arttext

 

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

 

http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/18-1/11-caso-hiperaldosteronismo.pdf

http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/16-1/20-hiperaldosteronismo.pdf

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-28002010000500009&script=sci_arttext