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TRATAMENTO DA HEPATITE B CRÔNICA 

 

O vírus da hepatite B (HBV) é um vírus de DNA pertencente à família dos HepaDNAviridae. O manejo do paciente com hepatite B é um desafio para os médicos, principalmente no momento da interpretação dos marcadores sorológicos.

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Após confirmar que o paciente está com infecção crônica pelo vírus da hepatite B (HBsAg positivo por mais de seis meses), a decisão de iniciar o tratamento é baseada principalmente na presença ou ausência de cirrose, no nível de alanina aminotransferase (ALT) e na carga viral de DNA do HBV. 

 

Os objetivos da terapia antiviral são:

  • zerar a carga viral do HBV
  • perda do HBeAg (em pacientes que eram inicialmente HBeAg-positivos) 
  • perda do HBsAg positivo. 

 

Além do HBsAg positivo, a terapia com antivirais será aplicadas nas seguintes situações:

  •  HBeAg positivo + ALT elevado duas vezes o valor de referência 
  • Se paciente  maior que 30 anos e HBeAg positivo (mesmo com ALT normal)
  • Se HBeAg negativo, mas carga viral > 2000 UI / mL 
  • História familiar de Carcinoma hepatocelular
  • Coinfecção HIV-HBV
  • Cirrose ou nível de fibrose F2A2
  • Presença de manifestação extra-hepática

 

Os agentes antivirais para o HBV crônico incluem interferon peguilado ou  inibidores da replicação viral, tenefovir (disoproxil fumarato ou alafenamida) e entecavir. 

 

Para a maioria dos pacientes sem tratamento prévio, tenofovir ou entecavir são preferidos por causa de sua potente atividade antiviral e baixo risco de seleção de vírus resistentes aos medicamentos. 

 

Em pacientes com cirrose clinicamente compensada, geralmente utiliza-se entecavir ou tenofovir, embora para paciente compensados o interferon também possa ser utilizado com cautela. 

 

Prefere-se o entecavir para pacientes com cirrose descompensada que não receberam tratamento. Esses pacientes apresentam risco de lesão renal aguda secundária à síndrome hepatorrenal, e o entecavir demonstrou não ser nefrotóxico. 

 

Para mulheres grávidas que precisam de tratamento, prefere-se tenofovir disoproxil fumarato em vez de outros agentes antivirais. O interferon peguilado é contra-indicado nas gestantes e falta evidência de segurança para o tenofovir alafenamida ou entecavir. 

 

A maioria dos pacientes necessitará de pelo menos quatro a cinco anos de tratamento, e alguns podem requerer tratamento indefinido, exceto o interferon peguilado, no qual o uso tem duração finita de 48 semanas.

 

a. Posologia

I. Alfapeguinterferona 2a   -  40 KDa – 180 mcg/semana via subcutânea (SC)

II. Alfapeguinterferona 2b    - 12 KDa – 1,5 mcg/kg/semana via SC

III. Entecavir 0,5 mg – 0,5-1,0 mg/dia via oral (VO)

IV. Tenofovir (fumarato de tenofovir desoproxila) 300 mg – 300 mg/dia VO

 

Tratamento com tenofovir

 

Todos os pacientes que apresentam os critérios de inclusão de tratamento são candidatos à terapia com tenofovir, um análogo de nucleotídeo que bloqueia a ação da enzima transcriptase reversa. Esse medicamento constitui a primeira linha de tratamento para a hepatite B crônica. Apresenta elevada potência de supressão viral e alta barreira genética de resistência contra as mutações do HBV.

Embora bem tolerado, o tenofovir está associado a toxicidade renal e a desmineralização óssea, particularmente no tratamento de pessoas vivendo com HIV/aids e doença renal pregressa.

Seu uso está contraindicado em pacientes com doença renal crônica, osteoporose e outras doenças do metabolismo ósseo, além de pacientes portadores de coinfecção HIV/HCV em terapia antirretroviral com didanosina.

Pacientes portadores de cirrose hepática apresentaram melhora clínica e histológica com o uso de tenofovir em cinco anos de terapia; entretanto, recomenda-se cautela na escolha desse tratamento.

Tratamento com entecavir

 

- Nas situações em que houver contraindicação ao uso do tenofovir, ou presença de alteração da função renal em decorrência do seu uso, deve-se indicar o tratamento com entecavir, um análogo de nucleosídeo. Ambas as opções de monoterapia são equivalentes em eficácia, salvo na presença de mutações virais.

- O medicamento de primeira linha para pacientes em tratamento de imunossupressão e quimioterapia deve ser o entecavir.

- O entecavir apresenta eficácia reduzida quando há presença de mutações, encontradas especialmente em vírus de pacientes experimentados com análogos de nucleosídeo, como lamivudina e telbivudina.

Recomenda-se evitar seu uso em pacientes já experimentados com os medicamentos supracitados.

- A posologia recomendada para pacientes virgens de tratamento e/ ou portadores de cirrose compensada deve ser de 0,5 mg/dia, e de 1 mg/dia para pacientes portadores de cirrose descompensada.

- O fármaco deve ser administrado por via oral, com ou sem alimentos.

Tratamento com alfapeguinterferona

 

- A alfainterferona é um grupo de proteínas e glicoproteínas com atividade antiviral, antiproliferativa e imunomoduladora. Trata-se de uma medicação de aplicação subcutânea semanal, indicada para tratamento alternativo de 48 semanas, reservado a pacientes portadores de infecção pelo vírus da hepatite B com exame HBeAg reagente.

- A extensão ou repetição da modalidade terapêutica não está autorizada, e o ciclo de tratamento do paciente deverá ser realizado uma única vez. Excepcionalmente, o ciclo de tratamento poderá ser reiniciado mediante comprovação por relatório médico e retificação do processo de solicitação do medicamento.

- O consumo atual de álcool ou drogas, a cardiopatia grave, a disfunção tireoidiana não controlada, os distúrbios psiquiátricos não tratados, a neoplasia recente, a insuficiência hepática, a exacerbação aguda de hepatite viral e o transplante (exceto transplante hepático) são contraindicações ao tratamento com alfapeguinterferona .

- Pacientes que engravidarem ou desenvolverem depressão, descompensação cardíaca, disfunção tireoidiana grave ou diabetes de difícil controle devem ter o tratamento interrompido e ser avaliados por especialistas.

- Pacientes com plaquetopenia merecem conduta individualizada, com suspensão obrigatória do tratamento quando os índices de plaquetas se reduzirem para menos de 30.000/mm3 .

- O tratamento com alfapeguinterferona apresenta maior potencial de eventos adversos, exigindo atenção de toda a equipe envolvida na assistência. A terapia com alfapeguinterferona em pacientes que não apresentarem soroconversão do anti-HBs ao final da 48ª semana de tratamento deverá ser substituída por tenofovir (TDF) ou entecavir (ETV).

 

 Monitoramento durante tratamentos com tenofovir, entecavir e alfapeguinterferona

 

A eficácia dos tratamentos instituídos é verificada pela mudança no perfil sorológico, aminotransferases e níveis de HBV-DNA dos pacientes.

• Pacientes portadores de hepatite B crônica HBeAg reagente: o HBsAg, anti-HBs, HBeAg, anti-HBe e HBV-DNA realizados anualmente.

• Pacientes portadores de hepatite B crônica HBeAg não reagente: o HBsAg, anti-HBs, HBV-DNA realizados anualmente.

• Pacientes em tratamento com alfapeguinterferona: o Monitoramento clínico:  Hemograma completo a cada 12 semanas;

--AST/ALT na 2ª semana de tratamento e a cada quatro semanas de tratamento;

-- Glicemia de jejum, TSH e T4L a cada 12 semanas.

 

Diante de resultados fora dos valores de referência, os pacientes devem ser encaminhados aos serviços de referência.

o Avaliação de resposta:

-- HBsAg, anti-HBs, HBeAg, anti-HBe ao final da 48ª semana;

-- HBV-DNA ao final da 24ª e 48ª semana de tratamento ( a metodologia do HBV-DNA deve ser PCR em tempo real);

 

• Pacientes que apresentarem HBV-DNA > 20.000 UI/mL podem ter o tratamento com alfapeguinterferona substituído por tenofovir ou entecavir, em virtude da baixa probabilidade de resposta terapêutica.

 

Fonte

https://www.sanarmed.com/resumo-de-hepatite-b-completo-sanarflix

http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2016/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-hepatite-b-e-coinfeccoes