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FEBRE TIFÓIDE - TRATAMENTO

Antibioticoterapia

A resistência a antibióticos é comum e cada vez maior, especialmente em áreas endêmicas, assim os testes de sensibilidade devem orientar a escolha dos fármacos.

Em geral, os antibióticos preferidos são

Ceftriaxona 1 g IM ou IV a cada 12 horas (25 a 37,5 mg/kg em crianças) por 14 dias

Várias fluoroquinolonas (p. ex., ciprofloxacino, 500 mg por via oral 2 vezes ao dia durante 10 a 14 dias; levofloxacino, 500 mg por via oral ou IV uma vez ao dia, durante 14 dias; moxifloxacino, 400 mg por via oral ou IV uma vez ao dia, durante 14 dias)

Cloranfenicol, 500 mg por via oral ou IV a cada 6 horas, ainda é utilizado amplamente, mas a resistência está aumentando.

Fluoroquinolonas podem ser utilizadas em crianças, mas é necessário ter cuidado. Para as cepas resistentes a fluoroquinolonas pode-se tentar azitromicina 1 g por via oral no dia 1, e então 500 mg uma vez ao dia durante 6 dias. As taxas de resistência a alternativas terapêuticas (p. ex., amoxicilina, sulfametoxazol-trimetoprima [SMX-TMP]) são altas, assim o uso desses fármacos depende da sensibilidade in vitro.

Corticoterapia

Corticoides podem ser acrescidos aos antibióticos para tratar toxicidade grave. Defervescência e melhora clínica geralmente se seguem.

Prednisona, 20 a 40 mg por via oral uma vez ao dia, por via oral (ou equivalente), durante os primeiros 3 dias de tratamento, geralmente é suficiente. Doses mais altas de corticoides (dexametasona, 3 mg/kg, IV inicialmente, seguida por 1 mg/kg, IV a cada 6 horas, durante um total de 48 horas) são utilizadas em pacientes com delirium importante, coma ou choque.

Nutrição

A nutrição deve ser mantida com refeições frequentes. Os pacientes são geralmente mantidos em repouso no leito enquanto febris. A diarreia pode ser minimizada com uma dieta leve e líquida; nutrição parenteral pode ser necessária temporariamente.

 

Cuidados

Salicilatos que podem causar hipotermia e hipotensão, assim como laxantes e enemas, devem ser evitados. Líquidos e terapia com eletrólitos e reposição de sangue podem ser necessários.

Perfuração intestinal e peritonite associada exigem intervenção cirúrgica e cobertura de maior alcance contra Gram-negativos e Bacteroides fragilis.

Recorrências são tratadas igualmente à doença inicial, embora a duração da terapia antibiótica raramente necessite de > 5 dias.

Os pacientes devem ser notificados ao departamento de saúde local e proibidos de manusear alimentos até a comprovação de que estão livres do microrganismo. Bacilos tifoides podem ser isolados por até 3 a 12 meses após doença aguda em pessoas que não se tornam portadoras. Além disso, 3 culturas de fezes com intervalos mensais devem ser negativas para que se exclua um estado de portador.

 

Portadores

Antibióticos devem ser administrados aos portadores com vias biliares normais. A taxa de cura é aproximadamente 80% com amoxicilina, SMX-TMP ou ciprofloxacina administrado durante 4 a 6 semanas.

Em alguns portadores com doença de vesícula biliar, a erradicação foi alcançada com sulfametoxazol-trimetoprima (SMX-TMP) e rifampicina. Em outros casos, a colecistectomia com administração de antibióticos 1 a 2 dias no pré-operatório e 2 a 3 dias no pós-operatório é eficaz. Mas a colecistectomia não assegura a eliminação do estado de portador, provavelmente por causa dos focos de infecção residual em outros locais na árvore hepatobiliar.

 

Prevenção da febre tifoide

A água potável deve ser purificada e a água de esgoto devem ser descartada de forma eficaz.

Portadores crônicos devem evitar a manipulação de alimentos e não devem cuidar de pacientes ou crianças pequenas até que se prove que eles estão livres do organismo; devem ser implementadas precauções de isolamento adequado dos pacientes. É importante dar atenção especial a precauções entéricas.

Viajantes em áreas endêmicas devem evitar ingerir vegetais em folhas crus, outros alimentos armazenados ou servidos a temperatura ambiente e água sem tratamento (incluindo cubos de gelo). A menos que se conheça a segurança da água, esta deve ser fervida ou clorada antes de beber.

Vacinação

Uma vacina viva atenuada oral contra febre tifoide está disponível (cepa Ty21a); ela é utilizada por viajantes para regiões endêmicas e é aproximadamente 70% eficaz. Ela também pode ser considerada para uso doméstico ou outros contatos próximos dos portadores.

Administra-se vacina Ty21a por via oral a cada dois dias até um total de 4 doses, que devem ser completadas ≥ 1 semana antes da viagem. Uma dose de reforço é necessária após 5 anos para pessoas que permanecem em risco. A vacina deve ser adiada por > 72 horas depois de os pacientes terem tomado qualquer antibiótico e não deve ser utilizada junto com a mefloquina, um antimalárico. Como a vacina contém microrganismos S. Typhi, é contraindicada para pacientes imunossuprimidos. Nos Estados Unidos, a vacina Ty21a não é utilizada em crianças < 6 anos de idade.

Uma alternativa é a vacina de polissacarídeo capsular Vi, IM dose única, administrada ≥ 2 semanas antes da viagem. A vacina é 64 a 72% eficaz e bem tolerada, mas não é utilizada em crianças < 2 anos de idade. Para as pessoas que permanecem em risco, uma dose de reforço é necessária após 2 anos.

 

Fontes 

https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/bacilos-gram-negativos/febre-tifoide#Preven%C3%A7%C3%A3o_v11560064_pt

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/febre-tifoide

https://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/ftifoide.html#:~:text=Cloranfenicol%20%C3%A9%20ainda%20a%20droga,dia%20respectivamente%2C%20por%2021%20dias.