queenm med blue red2.png

Entorse do tornozelo

 

Introdução

A torção ou entorse do tornozelo é uma lesão muito frequente, na qual os ligamentos são alongados até se romperem. Ela pode ocorrer quando pisamos em falso num buraco ou degrau, fazendo com que o pé gire para dentro devido ao peso do corpo, comprometendo os ligamentos do lado de fora – em geral, os mais acometidos.

 

Por definição, os ligamentos do nosso corpo são tecidos de conexão fortes e resistentes, compostos por fibra colágeno do tipo I e sua função está em conectar os ossos e permitir o movimento fisiológico de cada articulação.

No tornozelo são conhecidos dos complexos:

  1. Complexo medial ou interno: também denominado de ligamento Deltoide (devido ao seu formato de leque). Composto para dois folhetos e confere estabilidade na região interna do tornozelo e permitir o movimento de eversão (quando o tornozelo roda para dentro).

  2.  

  3. Complexo lateral ou externo: composto por três ligamentos que une a ponta do osso fíbula aos ossos do pé:

  4. – Talofibular anterior (TFA) – De longe o ligamento mais lesado no tornozelo.
    – Calcaneo fibular (CF) – Une a fíbula ao calcâneo.
    – Talofibular posterior – Une a fíbula ao osso Talo posteriormente.

  5. Sindesmose tibio-fibular: trata-se de um complexo ligamentar que une o osso fíbula à Tíbia e permite movimentos complexos entre esses ossos.

 

Quadro clínico

A parte de fora do tornozelo – abaixo e à frente da ponta do osso – apresenta dor e inchaço e, geralmente, fica roxa.

Em caso de torção, as atividades físicas devem ser suspensas e é preciso evitar apoiar o pé no chão. Você pode aplicar gelo por cerca de 30 minutos a cada hora, aumentando o intervalo entre as compressas para três horas nos dias subseqüentes. Lembre-se de enrolar o gelo em um pano úmido, para não queimar a sua pele. 

 

Quase sempre o entorse de tornozelo parece ser banal, principalmente nos primeiros minutos e horas. Muitas vezes, as pessoas acham que não foi nada e dão continuidade às suas atividades. O tempo vai passando os sinais e sintomas da lesão dos ligamentos vão surgindo:

Inchaço que se agrava com o passar do tempo;

Hematoma;

Dor à palpação;

Acúmulo de líquido nos dedos;

Sensação de formigamento no péPerda da flexo-extensão;

Incapacidade para se locomover.

Quando um entorse ocorre de maneira grave é muito comum que se escute estalo (pop). Nesses casos, os sinais e sintomas são mais graves e surgem imediatamente.

 

Diagnóstico

 

O diagnóstico da lesão ligamentar do tornozelo é feito principalmente através do exame clínico do paciente. Diferentes graus de inchaço, sensibilidade e dificuldade para caminhar vão indicar a gravidade já na avaliação inicial.

​Normalmente são solicitadas algumas radiografias para se descartar fraturas. Os ligamentos NÃO são visualizados nas radiografias!!! Um exame de RX normal não descarta uma lesão do ligamento. A ressonância magnética é muito importante no grau 2 e 3 para avaliar as lesões associadas como lesão da cartilagem , lesões de tendões e de outros ligamentos. Este exame não é obrigatório inicialmente, até porque na conduta inicial o importante é diminuir a dor, o inchaço e proteger o tornozelo.

 

Classificação da gravidade.

A gravidade da entorse depende de quais ligamentos forem lesionados e da gravidade do estiramento ou ruptura. Com base na gravidade, os médicos classificam entorses em

Graus da lesão ligamentar do Tornozelo

De maneira didática após avaliação física e verificação das imagens da ressonância classificamos os entorses nos graus:

Grau I (leve)

Existe estiramento microscópico das fibras;

Inchaço e hematoma mínimos;

Resolução dentro de duas semanas, em média.

Grau II

Existe lesão parcial dos ligamentos;

O sangramento deles faz com que o hematoma e o inchaço sejam maiores;

É solução dentro de seis a oito semanas.

Grau III

Ruptura completa do ligamento;

Inchaço hematoma exuberantes;

Sinais de instabilidade no exame físico;

Resolução de dois a três meses.


Tratamento

Tratamento Convencional / Não Cirúrgico

 

Gelo e repouso

Na abordagem inicial da entorse de tornozelo, seguimos o protocolo PRICE (protection, rest, ice, compression e elevation). Ou seja, devemos proteger o tornozelo, fazer repouso, colocar gelo, comprimir e elevá-lo. A proteção é feita poupando o tornozelo da carga total, podendo ser usado botas ortopédicas e até muletas, dependendo do grau da lesão. O repouso é relativo, uma vez que o ato de pisar estimula a cicatrização dos ligamentos.

O gelo é feito em sessões de 10-15 minutos, por 3-5 vezes ao dia, durante os 5-7 dias iniciais. A compressão pode ser realizada durante a própria sessão com o gelo, o que auxilia na redução do edema. E a elevação tem como objetivo a melhora na drenagem linfática e na sensação de “latejamento” do tornozelo, após os 5 dias iniciais da torção.

 

Mobilização e carga

É importante ressaltar que a mobilização precoce e controlada do tornozelo, associada à descarga de peso progressiva diminuem o tempo de retorno ao esporte e às atividades do dia a dia, acelerando a recuperação. Não se deve imobilizar o tornozelo, deixando-o livre de cargas por longos períodos.

Em entorses mais leves, a utilização de órteses semi-rígidas, como tornozeleiras, é o suficiente. Em casos mais graves, pode ser necessário o uso da bota ortopédica por tempo limitado, passando-se então para as órteses menos rígidas.

Fisioterapia

Normalmente o tratamento fisioterápico tem ótimos resultados e, portanto, deve ser a abordagem inicial na fase aguda. O treinamento funcional, através do controle postural e neuromuscular, tem se mostrado superior a uma abordagem mais restritiva ( realizada com imobilizações prolongadas e sem liberação de carga e treinamento fisioterápico precoce).

Com o tratamento funcional, a taxa de sucesso é de aproximadamente 80%. E este sucesso significa não sofrer entorses de repetição e não sentir dor ao redor do mesmo. O principal problema da lesão aguda é quando o paciente desenvolve a Instabilidade Crônica. Isto pode ocorrer em 20 % dos casos. Os pacientes com este problema relatam. dor crônica no tornozelo, sensação de insegurança principalmente para andar em terrenos irregulares, falseio e entorses de repetição.

 

Treinamento funcional com exercícios de propriocepção e força

Tratamento Cirúrgico

Nos casos de falhas do tratamento conservador, em que o paciente evolui para INSTABILIDADE CRÔNICA o tratamento cirúrgico está indicado. Cada entorse do tornozelo, mesmo que seja muito sutil pode machucar a cartilagem do tornozelo e isso ao longo da vida pode resultar em uma ARTROSE desta articulação. Por isso um tornozelo NÃO pode ser instável! Além disto a cada entorse o ligamento machuca mais e diminui a qualidade do seu tecido e isso pode ter influencia na técnica cirúrgica utilizada.​

O tratamento cirúrgico é realizado através de uma artroscopia do tornozelo. Através de três acessos puntiformes ( 3 milímetros) é inserido uma câmera e alguns instrumentos dentro articulação utilizados para realizar o reparo do ligamento lesionado.​

Por se tratar de uma cirurgia minimamente invasiva realizada por artroscopia o pós operatório é tranquilo e a taxa de complicação relacionada a cicatrização da pele e infecção é muito baixa.

 

 

 

Demonstração de uma artroscopia do tornozelo.

Observe que são realizados apenas 3 acessos milimétricos para realizar a cirurgia. Não é necessário realizar incisões/cortes cirúrgicos extensos como antigamente.

 

Como é o pós operatório?

 

-Apoio: usando uma Bota Ortopédica e com o auxílio de muletas o paciente pode apoiar com o pé operado a partir do sétimo dia pós operatório. Esta bota é utilizada por 4 semanas e após isto é substituída por uma órtese semi-rígida utilizado com um tênis.  A reabilitação fisioterápica é iniciada a partir da segunda semana pós operatoria.  Geralmente a partir da quarta semana o paciente já pode iniciar atividades sem impacto : musculação com aparelhos, bicicleta ergomértrica, trabalho dos gestos esportivos. A partir da oitava semana já inicia os gestos esportivos e trotes e ou corridas leves e a partir do 3 mês retornar aos esportes.

Obs: Este tempo de retorno aos esportes e as atividades é uma média aproximada. Isso depende de cada paciente e de cada caso. Alguns pacientes podem retornar antes deste tempo enquanto outros podem demorar mais tempo.

 

 

FONTES

https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/les%C3%B5es-e-envenenamentos/entorses-e-outras-les%C3%B5es-dos-tecidos-moles/entorses-do-tornozelo

https://notortopedia.com.br/entorse-de-tornozelo-causas-tipos-e-tratamento/

https://www.drgustavonunes.com/post/tudo-sobre-a-entorse-do-tornozelo

https://adrianoleonardi.com.br/artigos/entorse-de-tornozelo/