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CAUSAS DE PANCREATITE AGUDA


A identificação do fator etiológico responsável pela pancreatite aguda é capital no seu tratamento já que este pode determinar o tratamento e sua eliminação pode levar à resolução do quadro ou prevenção de um novo episódio. Em torno de 75% dos casos são causados por colelitíase ou abuso de álcool. O percentual exato de casos de origem biliar ou causados pelo álcool depende da população estudada. Outros 10% não têm seu fator etiológico bem definido e são considerados idiopáticos.

 

                               TABELA 1 - PRINCIPAIS ETIOLOGIAS DE PANCREATITE AGUDA

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Drogas

O uso de diversas drogas foi relacionado com o desenvolvimento de pancreatite aguda. Foram postulados diversos mecanismos de ação, que podem, inclusive, ocorrer simultaneamente . De uma forma geral, o quadro clínico tende a ser brando, evoluindo com resolução total após a suspensão do fármaco.

 


 

Autoimune
A pancreatite autoimune tem apresentação clínica característica. O quadro é subagudo e os achados clínicos apresentam mais semelhança com os encontrados na pancreatite crônica, tais como dor abdominal de leve a moderada e elevação discreta da amilase e lipase.

Os exames de imagem mostram aumento localizado do pâncreas, geralmente em sua porção cefálica com estenose ou irregularidades no ducto pancreático. Por conta destes achados, a pancreatite autoimune pode ser confundida com tumores pancreáticos. São achados característicos da pancreatite autoimune a elevação dos níveis séricos de IgG4, presença de infiltrado linfoplasmocítico e elevados níveis de IgG4 no tecido pancreático.

O tratamento é feito com corticosteroides, com rápida melhora clínica e normalização dos achados tomográficos.

É classificada em dois tipos:

Tipo 1 – Pancreatite autoimune associada ao IgG4. É frequentemente associada a outras doenças autoimunes, podendo afetar outros órgãos, incluindo o pâncreas, dutos biliares, glândulas salivares, rins e linfonodos. Este tipo os pacientes possuem células positivas para IgG4 e tem maior possibilidade de apresentar o IgG4 elevado no sangue. Os pacientes tendem a ter mais de 60 anos, mais comum em homens, e possuem episódios de pancreatite aguda mais frequente. A tipo 1 corresponde a aproximadamente 80% dos casos nos Estados Unidos.

Tipo 2 – Pancreatite autoimune sem afetar outros órgãos, com confirmação histológica (biópsia), mas sem a presença de células IgG4 positivas nos tecidos. Aproximadamente um terço dos pacientes possuem doença inflamatória intestinal associada. Tendem a ter menos recorrência de episódios de pancreatite aguda, em pacientes com menos de 40 anos, e mais comum em mulheres. Pode estar associada à doença inflamatória intestinal.

 

Hereditária e genética

A pancreatite hereditária tem caráter autossômico dominante com penetrância variável e, na maioria dos casos, é decorrente de mutações do gene PRSS1 (protease, serina1). Essas mutações levam à conversão prematura do tripsinogênio e autodigestão pancreática, que se manifestam clinicamente através de quadros recidivantes de pancreatite aguda na infância que evoluem para pancreatite crônica. A idade mediana de início dos sintomas é 10 anos. Há risco aumentado de desenvolvimento de câncer pancreático, principalmente se associado a outros fatores de risco como tabagismo e etilismo.

Outros genes implicados na pancreatite aguda são o SPINK1 e gene da fibrose cística (CFTR).

 

Pancreatite aguda sem causa aparente

Não obstante o referido anteriormente, em muitos episódios de PA não se identifica a causa, mesmo após serem colhidos e analisados em conjunto (1) a história clínica e (2) o exame físico bem feito, e (3) os exames complementares disponíveis: US, dosagem de triglicérides e cálcio que se revelam normais. Tais episódios são rotulados como "sem causa aparente".

Apesar do arsenal propedêutico disponível, a freqüência de casos de PA sem causa aparente está em torno de 10% a 30%  e 25 a 50% apresentarão recidiva nos dois anos subseqüentes ao primeiro episódio. Pela tendência de recidiva, a PA sem causa aparente apresenta elevada taxa de morbidade e mortalidade.

É importante estabelecer o diagnóstico etiológico da PA, não só por sua implicação prognóstica, mas para adotar o tratamento adequado, melhorando a evolução do doente e reduzindo o risco de recidivas.

Os estudos de Ranson e Miquel et al. demonstraram que aproximadamente 30% dos casos de PA inicialmente considerados sem causa aparente são, na realidade, secundários à microcálculos da vesícula biliar (MCV) não diagnosticados. Eles têm a tendência de migrar com facilidade pelo cístico, encravar na papila duodenal e causar cólicas biliares, icterícia e PA. Daí a importância do estudo ecoendoscópico nesses pacientes.


 

Fontes :

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-69912009000500015            

https://www.dreduardoramos.com.br/especialidades/pancreas/doencas/pancreatite-autoimune/

http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=170