BURSITE DO QUADRIL – BURSITE TROCANTÉRICA
A bursa trocantérica é um tecido sinovial localizado superficialmente ao trocanter maior, a parte do fêmur proximal que é saliente lateralmente no quadril. Na realidade, todo indivíduo tem 4 ou mais bursas trocantéricas em cada quadril. Estas bursas funcionam como se fossem um “saco vazio” sobre as proeminencias ósseas, facilitando o deslizamento de tendões e fáscias sobre o osso. Bursite trocantérica é uma causa comum de dor no quadril e os pacientes frequentemente sofrem limitação nas suas atividades físicas e dormem com dificuldade.
A região do quadril é formada por aproximadamente 14 a 21 bursas , sendo as de maior interesse a trocantérica, a iliopectínea e a isquioglútea. Das 4 bursas geralmente presentes na região do grande trocânter 3 são constantes: suglútea máxima, média e mínima.
Figura 1 - anatomia da bursa trocantérica
A inflamação de qualquer uma das bursas trocantéricas é conhecida como bursite trocantérica e é uma das causas mais comuns de dor no quadril. Algumas pesquisas sugerem que não é somente a inflamação da bursa que causaria dor. As bursas trocantéricas possuem pequenos nervos em seu interior que irritados ou comprimidos podem causar dor. Outras doenças podem evoluir com dor na região trocantérica, como a ruptura dos tendões abdutores. Por estes motivos, alguns autores têm sugerido o nome síndrome da dor trocantérica lateral em substituição a bursite trocantérica.
Figura 2 - anatomia muscular da região trocantérica
Existem também outras bursas que podem causar sintomas no quadril, como a bursa isquiática e do músculo iliopsoas, porém são bem menos frequentes que a bursite trocantérica.
Causas
A bursite trocantérica é causada por movimento exagerado dos tendões e fáscias sobre o trocânter maior. Pressão direta pode causar ou agravar os sintomas. Com a evolução da inflamação, a bursa progressivamente perde a sua função deslizante (“como um saco vazio”) e engrossa suas paredes. Portanto, a causa mais frequentemente associada à bursite trocantérica é o microtrauma repetitivo causado pelo uso ativo dos músculos que se inserem no trocânter maior, resultando em mudanças degenerativas dos tendões, dos músculos, ou de tecidos fibrosos. As alterações na biomecânica da extremidade inferior, conjuntamente com a mudança dos mecanismos dos músculos do quadril, podem predispor ao desenvolvimento da doença.
Os pacientes com bursite trocantérica frequentemente apresentam uma ou mais das seguintes condições: doença na coluna lombar; diferença de comprimento entre os membros inferiores (diferença maior que 2 cm); doença na articulação sacroilíaca; artrose do joelho e entorse do tornozelo. Acredita-se que estas anormalidades possam alterar a marcha e consequentemente irritar a bursa trocantérica.
Bursite trocantérica é a causa mais comum de dor lateral no quadril. Porém as seguintes causas também devem ser consideradas: problemas intra-articulares, rupturas nos tendões glúteos; fratura oculta; ressalto externo do quadril; metástases tumorais e outras causas incomuns.
Sintomas
Apesar de existirem mais de quatro bursas trocantéricas que podem ser afetadas, os sintomas são geralmente os mesmos independentemente da bursa afetada. A bursite trocantérica causa dor na lateral do quadril e na coxa, podendo causar dificuldade para caminhar.
Figura 3 - exame do quadril palpação da região da bursa trocantéricas
A dor é de característica crônica, intermitente sobre o aspecto lateral do quadril. A pressão direta sobre a bursa aumenta a dor e é difícil deitar sobre o lado afetado. Por todas estas manifestações, a bursite trocantérica pode prejudicar o sono, evitar a realização de atividades físicas e reduzir significativamente a qualidade de vida. As mulheres, em uma relação de 4:1 comparada com os homens, são mais frequentemente afetadas, com sua prevalência aumentada entre as quartas e sextas décadas de vida.
Exames
Geralmente exames complementares não são necessários para o diagnóstico. Apesar disso, radiografias são solicitadas para excluir-se algumas doenças. Ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética são úteis em alguns casos para auxílio no diagnóstico, descartar outras doenças e guiar o tratamento.
Nenhum exame radiográfico específico é diagnostico da bursite trocantérica. As radiografias do quadril, da pelve, e da coluna lombar podem mostrar a evidência de uma ou mais das circunstâncias musculoesqueléticas geralmente associadas.
A cintilografia óssea pode mostrar uma hipercaptação na região do trocânter maior, que é geralmente linear.
A imagem de ressonância magnética (RNM) pode mostrar um hipersinal em seqüências curtas na região do grande trocânter.
A infiltração da bursa trocantérica também é útil no diagnóstico de alguns pacientes.
Tratamento da bursite trocantérica
A maioria dos tratamentos para bursite do quadril são conservadores, incluindo 6 a 8 semanas de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides e fisioterapia manual, fisioterapia com a utilização de ultra-som a nível do trocânter maior e do triângulo femoral, associado a alongamento muscular da banda ílio-tibial e do tendão do iliopsoas.
O tratamento não cirúrgico da bursite trocantérica alcança resultados satisfatórios na maioria dos pacientes, incluindo o uso de medicações, fisioterapia e infiltrações. A resolução definitiva da bursite trocantérica pode ser difícil de ser alcançada em alguns casos, o que não significa que não haverá melhora dos sintomas com o tratamento.
Figura 4 - aplicação de medicamentos/ plasma rico em plaquetas
As medicações são analgésicos e anti-inflamatórios. A fisioterapia associa medidas locais de temperatura com exercícios de alongamento dos tecidos que fazem pressão sobre a bursa. Alterações na marcha e função muscular também podem ser corrigidas pela fisioterapia em alguns casos. O uso de ultrassonografia terapêutica, estimulação elétrica percutânea (TENS) ou terapias por ondas de choque podem eventualmente ser indicados. A infiltração da bursa com anestésico e esteróide pode ser indicada quando as medidas anteriores não controlaram os sintomas.
A tratamento cirúrgico é indicado na minoria dos pacientes, naqueles em que os sintomas causam importantes limitações e o tratamento sem cirurgia não trouxe bons resultados. A cirurgia envolve a retirada da bursa inflamada e geralmente a liberação de tecidos (fáscias) causando pressão sobre a bursa trocantérica. Os tendões abdutores são avaliados e rupturas podem ser reparadas, da mesma forma que nos reparos de tendões do ombro. A cirurgia pode ser realizada de maneira tradicional, chamada aberta ou por videoartroscopia (endoscopia). A evolução nos materiais e técnicas têm permitido que procedimentos cada vez mais complexos sejam realizados através da videoartroscopia do quadril.
Fontes
http://davidgusmao.com/bursite-de-quadril/
http://www.herniadedisco.com.br/espaco-dr-coluna/artigos/bursite-trocanterica/
http://www.quadrilcirurgia.com.br/bursite-trocanteacuterica.html